Terça-feira, 8 jun 2021 - 10h23
Por Rogério Leite
Todos os anos, milhões de toneladas de poeira são erguidas do Norte da África e fertilizam as águas superficiais do Atlântico e os solos das América. Essa poeira também influencia o desenvolvimento dos furacões e outros sistemas climáticos e sua observação por satélites ajuda a entender como todos os sistemas da Terra estão interconectados.
Tempestade de Areia no Mali e Mauritânia em 4 de junho de 2021 sopra partículas sobre o Oceano Atlântico em direção ao Caribe.
A cena mostrada foi registrada no dia 4 de junho, o primeiro dia de uma série de tempestades que duraram quatro dias.
Coincidentemente, essa tormenta ocorre cerca de um ano depois que os instrumentos do mesmo satélite observaram a maior tempestade de poeira em duas décadas. Em 2020, a poeira vinda do norte da África chegou até o Mar do Caribe e avançou até o sudeste dos EUA, onde escureceu o céu de diversas cidades. Em medições combinadas, sensores de satélite e de solo mediram a maior concentração de poeira na atmosfera desde que os satélites de sensoriamento remoto foram lançados. A observação da Terra através de imagens de satélites é uma das maiores conquistas da era espacial, pois permitiram constatar como as partículas transportadas pelo ar refletem e bloqueiam a luz solar, afetando a quantidade de radiação do planeta. Em doses elevadas próximas ao solo, as plumas de poeira podem prejudicar a qualidade do ar, prejudicar a respiração e também reduzir a visibilidade.
De acordo com Bing Pu, autor do estudo, um dos responsáveis pela viagem da poeira africana por longas distâncias é a chamada "alta subtropical do Atlântico Norte", que é um sistema de alta pressão situado sobre o Atlântico Norte subtropical, capaz transportar essa poeira pronunciadamente em direção à região do Caribe. Segundo Pu, o jato de baixo nível do Caribe completa o serviço e leva as partículas desde o Caribe até os Estados Unidos.
Pu e seus colegas afirmam que as tempestades de poeira tendem a se tornar mais intensas e frequentes com as mudanças climáticas. As temperaturas mais altas trariam secura e menos vegetação para a região, ao fornecer mais material solto e empoeirado coletado do Norte da África. Tempestades e ventos mais fortes em um mundo em aquecimento podem fornecer mais energia para carregar essa poeira.
Os cientistas também observaram que as mudanças do vento podem influenciar na quantidade de umidade que segue em direção à África, o que levaria a mais chuvas e crescimento de vegetação nas poeirentas regiões do Saariana e Subsaariana. Diferentemente do estudo de Pu, as pesquisas da NASA mostram que o aquecimento global pode trazer uma redução de 30 por cento na formação de poeira no Saara nos próximos 20 a 50 anos e em seguida um declínio contínuo já no próximo século. LEIA MAIS NOTÍCIAS
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