Sexta-feira, 30 mai 2014 - 09h54
Por Rogério Leite
Quando soube que a Universidade de Stanford, nos EUA, havia aberto um concurso para levar balões até a fronteira do espaço, um jovem brasileiro de 16 anos não pensou duas vezes, aceitou o desafio e levou o nome do Brasil a mais de 35 mil metros de altitude.
Clique para ampliar Embora o lançamento de balões científicos rumo à estratosfera não seja uma novidade nos países desenvolvidos - são projetos até corriqueiros nas escolas americanas - fazê-lo aqui no Brasil pode se tornar uma grande dor de cabeça devido aos custos e às dificuldades de aquisição de equipamentos de bordo, entre outras coisas. Mesmo sabendo das dificuldades envolvidas neste tipo de projeto, o jovem estudante Francesco Lena não desanimou e em 2012 idealizou o Projeto Cirrus, um balão científico dotado de câmeras e sensores capazes de registrar a Terra de grande altitude.
Para isso contou com a ajuda da família, amigos, escola e da namorada e tocou em frente o seu projeto, composto de um balão meteorológico de 1500 gramas equipado com três câmeras digitais, um localizador GPS via satélite e um data-logger para analisar os dados coletados durante o voo. O artefato foi lançado em 29 de novembro de 2013 a partir da cidade de Amparo, no interior paulista e após atingir a altitude máxima de 32 mil metros o artefato estourou (como previsto) e a carga útil com os valiosos instrumentos retornou à Terra com o auxilio de um paraquedas. Lena pensou em tudo e para não perder os instrumentos criou até uma espécie de "controle da missão", que ficou responsável em receber os sinais de localização da cápsula, retransmitidos pelo satélite francês SPOT. Clique para ampliar "Nós perseguimos o balão até que ele explodiu. Mesmo de longe, foi possível vê-lo como uma estrela pequena e bastante brilhante", afirmou o estudante. No ápice da missão a sonda enfrentou condições extremas, com a temperatura atingindo -55°C e a pressão atmosférica a 0,2% daquela ao nível do mar. Clique para ampliar A primeira coisa que Lena fez após recuperar a carga útil foi verificar as imagens gravadas durante a missão. E as cenas eram impressionantes, de tirar o fôlego. A missão estava cumprida.
Clique para ampliar Batizado de Global Space Balloon Challenge, participam do concurso diversas universidades americanas e de outras partes do mundo e tem como objetivo encorajar e estimular os estudantes a construírem e lançarem seus próprios equipamentos. A competição engloba diversas categorias, entre as quais as de melhor imagem e design, na qual Lena está participa.
A bordo das cápsulas Lena incorporou diversos equipamentos, entre eles três câmeras de vídeo de alta-definição, um data-logger (equipamento para registrar as condições ambientais durante o voo), um telefone celular, sensores de temperatura e localizadores de posição do tipo SPOT. Clique para ampliar De acordo com Lena, o motivo de lançar os equipamentos antes do amanhecer foi o de registrar o nascer do sol visto da estratosfera, assim como as luzes das cidades e o efeito prismático da refração da luz nas altas camadas da atmosfera. Após 105 minutos do lançamento, as sondas chegaram ao ápice da jornada, após enfrentarem temperaturas inferiores a -55°C, pressão tendendo a zero e níveis altíssimos de radiação solar. Clique para ampliar Devido à enorme diferença de pressão, o balão de látex expandiu a ponto de se romper, fazendo a cápsula despencar de uma altitude de mais de 32 mil metros. Após alguns segundos em queda livre, um pequeno paraquedas entrou em ação e reduziu a velocidade de descida dos artefatos, que pousaram suavemente a 41 quilômetros do local do lançamento, já no município de Santo Antônio da Posse, SP, a poucos quilômetros do local previsto para pouso. Em alguns minutos a equipe que seguia os artefatos por terra chegou ao local e resgatou todo o equipamento sem qualquer dano. Ainda no local de pouso a equipe não se conteve e foi conferir as imagens gravadas. Não havia palavras para descrevê-las! Clique para ampliar
Segundo Lena, sua equipe foi a única equipe no país a competir, levando o nome do Brasil ao espaço. "Agradeço a minha família, amigos e a todos aqueles que de alguma forma ajudaram o nosso projeto ou que torceram para tudo dar certo! Também agradeço ao diretor do Apolo11.com, Rogério Leite, por nos doar um dos balões científicos usados na missão!", disse o jovem e entusiasmado estudante. Nós é que agradecemos Francesco. Sucesso! PS: Para entrar em contato com Franscesco Lena, essa é sua página no Facebook: https://www.facebook.com/projetocirrus
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