Quarta-feira, 12 abr 2023 - 11h25
Por Rogério Leite
Exercícios de pensamento quase sempre são controversos. Em alguns casos são questões filosóficas difíceis de serem afirmadas, que podem gerar bons debates. Um exercício mental bastante interessante e possível de ser feito em grupo é imaginar como seria o nosso planeta se ao invés de girar para o leste, girasse para o oeste. Pensar é livre!
Image credit: Rob Byron/Shutterstock.com O movimento atual da Terra, de leste para o oeste, teve início durante a formação do Sistema Solar, muito provavelmente em função do impacto contínuo de rochas e principalmente do movimento da nuvem de gás e poeira cósmica no início da formação. Entretanto, se no começo dos tempos esses movimentos e impulsos fossem inversos, nosso planeta possivelmente giraria ao contrário, ou então de modo esquisito. Agora, imagine se isso acontecesse de um momento para outro, num piscar de olhos. Não é nada fácil pensar no que aconteceria, mas interessante de ser analisado. Não estamos falando de um movimento súbito, repentino, que provocaria tsunamis monstruosos e arremessos fantásticos de todas as coisas existentes no planeta. Apenas imagine que de uma hora pra outra, você acordou com a Terra girando ao contrário.
Como na atmosfera efeito Coriolis determina o movimento das massas de ar, os ventos alísios no Equador não soprariam mais no sentido oeste, como de costume. Dessa forma, os ventos que sopram do leste nas latitudes médias, como nos EUA, Europa, Argentina e parte da Austrália, não seguem mais nessa direção. Como se sabe, a biodiversidade depende de adaptações que podem ser muito demoradas e de repente as coisas estão acontecendo de modo espelhado. Certamente, muitas espécies, inclusive nós, seriam afetadas por isso. Um exemplo bastante simples de ser compreendido é que os ventos alísios no equador trazem diversos nutrientes do Saara para a Amazônia, o que ajuda a incrível biodiversidade da região. Sem esses ventos, esse importante processo não poderia mais acontecer. Com sérias consequências.
Pensando nessa inversão mágica que acaba de acontecer, talvez o mundo atual fosse bem diferente.
Como a mudança nos ventos e das correntes também afeta as temperaturas e o regime de chuvas, as regiões que agora são desérticas seriam muito mais quentes e secas. A Europa seria muito mais fria e úmida que atualmente, assim como a Nova Zelândia, Austrália e o Oriente Médio.
Entretanto, mudanças podem acontecer e fazer um planeta girar de modo bastante estranho. Urano, por exemplo, sofreu uma violenta colisão que o fez girar de lado. Dessa forma, durante sua orbita de 84 anos seus polos apontam diretamente para o Sol durante os verões. Mais interessante ainda é o planeta Vênus, quase um gêmeo da Terra. Lá, o dia é 224 vezes mais longo que o nosso, além de o planeta girar na direção oposta. Dessa forma, em Vênus o Sol se põe no leste. Essa dinâmica venusiana até hoje não é bem explicada e as possibilidades incluem um giro de 180 graus devido à atração gravitacional do Sol e ao comportamento de seu interior. Outra opção inclui não só o efeito Coriolis, mas também a possível atração de outros planetas para sua atmosfera ou teria desacelerando sua rotação até uma paralisação, para depois reverter. Pensando assim, uma mudança no gira da Terra não é tão impossível assim, afinal, já aconteceu em outros planetas. Exercícios de pensamentos sempre são interessantes e podem ser alvo de longas discussões, mas se Vênus gira ao contrário e Urano inclinado, a Terra também poderia fazê-lo. Como pensar é livre, se existir um multiverso como nos filmes de ficção, talvez também exista uma Terra como a nossa, onde o Saara é verdejante e as dunas de areia cobrem o Pampa argentino. LEIA MAIS NOTÍCIAS
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