Segunda-feira, 19 mar 2007 - 10h20
Geógrafo brasileiro rebate savanização da Amazônia
O relatório das Nações Unidas divulgado em fevereiro sobre o aumento da temperatura do planeta mostra que no transcorrer deste século a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica sofrerão profundos impactos em sua biodiversidade. Uma das conseqüências diretas seria a chamada "savanização", onde a vegetação da Amazônia seria transformada em áreas similares ao cerrado.
No entanto, essa não é a opinião de um dos mais respeitados geógrafos brasileiros, o professor Aziz Ab´Sáber. De acordo com o pesquisador, professor Honoris Causa pela Universidade Estadual Paulista, essa tese é uma "besteira", e não leva em consideração as flutuações do nível dos oceanos, registradas nos últimos milhares de anos. Em entrevista concedida ao portal "O Estado de São Paulo", o professor de 83 anos, disse que há pelo menos 12 mil anos a Terra iniciou um processo de "retropicalização", uma espécie de transição para temperaturas mais elevadas. Segundo Sáber, com o passar do tempo, o derretimento do gelo aprisionado nos pólos provocou elevação gradual do nível dos oceanos e há 5.500 anos atrás a temperatura era tão alta que o nível do mar elevou-se a quase de 3 metros. Ainda de acordo com o professor, naquela época a quente corrente marítima sul-brasileira, que avança pelo Nordeste em direção à Região Sul, impediu o avanço das águas mais frias que chegam do Pólo Sul. Essa corrente mais quente, que tem a capacidade de aumentar a evaporação das águas próximas à costa, empurrou as massas de ar mais úmidas para dentro do continente.
![]() Antes do optimum climático, eram muito comuns as vegetações araucárias se estenderam desde Santa Catarina até São Paulo, mas após o momento do optimum São Paulo passou por um período de retropicalização, que transformou a vegetação em Mata Atlântica, comprovando que o aumento do nível do mar ampliou as florestas. "Sem dúvida, essas florestas atlânticas deverão receber mais calor, mas receberão mais umidade também", explicou Sáber. Ab´Saber alerta também para a necessidade de adaptações urbanísticas nas regiões costeiras caso o aquecimento global não seja contido. O avanço das águas transformaria cidades inteiras em mini-Venezas. Segundo Sáber uma das alternativas seria a construção de grandes muros, que separariam as áreas urbanizadas do contato com o mar, a exemplo do que existe atualmente na Holanda.
![]() Para Sáber, o desflorestamento causado principalmente pelas madeireiras e pelos fazendeiros é gravíssimo e muito mais sério do que o suposto processo de desertificação apontado. Sáber disse ter ouvido da boca de um fazendeiro que a "terra é minha e faço com ela o que quiser e quando quiser". Por fim Sáber alfineta o poder público e acredita que a destruição da floresta é tratada com descaso pelo governo. "Só conheço dois Estados paralelos no Brasil, os morros cariocas e a Região amazônica". Foto: Acima, toras de madeira ilegal retiradas das florestas tropicais são transportadas através de caminhões e navios. O destino é quase sempre as grandes cidades, onde são transformadas em móveis ou usadas na construção civil. No centro, a savana, o tipo de vegetação em que se transformaria a floresta Amazônica. No alto da página o geógrafo Aziz Ab´Sáber. LEIA MAIS NOTÍCIAS
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