Terça-feira, 29 mai 2007 - 09h30
O Brasil não deverá mais participar de qualquer projeto relevante que envolva as atividades na Estação Espacial Internacional. No entanto, as portas continuam abertas ao país na condição de usuário da Estação, com a condição de que bons projetos sejam propostos.
A afirmação é de John Logsdon, diretor do Instituto de Políticas Espaciais da Universidade George Washington e um dos mais importantes membros do Comitê Consultivo da Nasa. Segundo Longsdon, a participação brasileira no programa foi um fracasso, mas não há razão para desistir de cooperações futuras. “O Brasil está com o olho roxo, mas não foi nocauteado", disse Longsdon em entrevista concedida ao portal "O Estado de São Paulo". De acordo com Longsdon, apesar de o Brasil ter entrado no programa com grande entusiasmo, o país não cumpriu nenhum dos compromissos assumidos. Mudou os planos no meio do caminho e decidiu fazer o vôo de astronauta brasileiro após se aliar à Rússia. Longsdon observa que a posição brasileira era de que o astronauta não pudesse mais fazer o vôo devido aos atrasos ocorridos após a tragédia da Columbia. Na análise de Longsdon, o vôo do astronauta estava ligado aos compromissos assumidos no projeto da Estação Espacial Internacional, ISS. A falta de compromisso com o projeto e a redução de vôos após o acidente tornaram diminutas as chances de que o astronauta pudesse de fato voar. "Ficamos surpresos que o Brasil tinha dinheiro para pagar aos russos mas não para financiar os compromissos assumidos". Longsdon também concorda com as críticas da comunidade científica, que compararam a participação do astronauta a de um turista espacial. "Ele esteve na ISS somente alguns dias e fez algumas coisas... talvez seja até uma afirmação injusta. Sua participação não foi diferente do que ocorria nos anos 80 e 90, mas basicamente ele esteve na estação como um visitante". Questionado se o Brasil ainda pode recuperar o prestígio na ISS, Longsdon acredita que seja tarde demais para se fazer qualquer coisa relevante. Ainda segundo o especialista, é muito tarde para propor qualquer projeto de missão ou equipamento, entre eles o palete espresso, que fazia parte dos compromissos assumidos. "Se os cientistas brasileiros tiverem bons projetos, poderá participar, mas somente na condição de usuário da Estação." Ao ser perguntado sobre quais deveriam ser as prioridades do programa espacial em um país com recursos limitados, Longsdon afirmou que o Programa Nacional de Atividades Espaciais é bastante claro em suas prioridades, que são observação da Terra, telecomunicações e capacidade de lançamento e lembrou que em nenhum momento se fala em vôos tripulados ou na participação efetiva na exploração espacial conjunta. De acordo com ele, a ênfase nesses benefícios para a sociedade brasileira é inteiramente adequada, e é nessa direção que a maior parte dos recursos deve ser direcionada. Atualmente a Nasa discute projetos de exploração espacial com 12 agências espaciais, entre elas Alemanha, França, Inglaterra, Rússia, China, Canadá, Índia, Ucrânia, Austrália, Coréia, Itália e Japão. Os únicos representantes que não participam são Brasil e Israel. Longsdon acredita que seria muito interessante que o Brasil participasse ao menos das discussões, pois todos os indicativos apontam no crescimento do país e seria interessante estrategicamente que o país tivesse um programa espacial completo. Longsdon completa a entrevista dizendo que o Brasil está com um olho roxo, mas não foi nocauteado. Os EUA reconhecem a importância estratégica do Brasil e não vão tomar atitudes que direcionem o País na direção da China, Rússia ou outros potenciais adversários neste seguimento. No alto, foto da ISS a partir do Ônibus Espacial Atlantis. Na seqüência Jonh Longdon, da NASA. LEIA MAIS NOTÍCIAS
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