Sexta-feira, 1 jun 2007 - 09h59
O dia 1º de junho marca o início da temporada de furacões no Atlântico Norte. Todos os anos, os meteorologistas se esforçam em prever o comportamento dessas tempestades, na tentativa de reduzir os riscos materiais e à vida humana, ao mesmo tempo em que minimizam os custos associados às evacuações das áreas costeiras.
De acordo com William Gray, pesquisador da Universidade do Colorado, EUA, a temporada de 2007 deverá ser mais ativa que a de 2006. Espera-se pelo menos 17 tempestades tropicais de forte intensidade e pelo menos nove furacões, cinco deles muito severos. Modelos de previsão mostram que existem 50% de chances de que pelo menos 1 furacão de grande porte atinja a costa leste dos Estados Unidos, incluindo a região da península da Flórida. Há dois anos, a violenta temporada de 2005 produziu 28 tempestades tropicais e 15 delas se transformaram em furacões. Quatro atingiram a costa norte-americana, entre eles o poderoso Katrina, que devastou a cidade de Nova Orleans, no Golfo do México. Esta série de imagens, retiradas de uma animação gerada pela Nasa, ilustra o resultado de uma simulação obtida em supercomputador e mostram o movimento do ar, da umidade e da energia dentro do furacão Bonnie, que atingiu a costa da Carolina do Norte, EUA, em 26 de agosto de 1998. Na cena superior temos dados captados pelos sensores visível e infravermelho a bordo do satélite TRMM (Missão para Medição de Chuvas Tropicais). A segunda e terceira imagens foram captadas pelo mesmo satélite através do seu radar PR de precipitação, o primeiro instrumento a ser colocado no espaço capaz de mapear em três dimensões a estrutura das tempestades.
As imagens fornecidas pelo radar PR indicam a presença das nuvens de tempestade em forma de torre, conhecidas como torres quentes, na parede noroeste do olho de Bonnie, o anel de nuvens que circundam o olho do furacão. A imagem abaixo é um diagrama computadorizado do movimento do ar nessas torres quente. As setas vermelhas indicam o movimento ascendente do ar quente, enquanto as setas cinzas mostram o ar saindo e retornando na torre quente através do olho do furacão. As torres quentes podem facilmente atingir a base da estratosfera terrestre, 10 km acima do nível do mar, bem acima da altitude em que voam os típicos jatos comerciais. Esses canais quentes em forma de torre empurram para cima o ar úmido dentro dos furacões, formando uma espécie de motor turbo e é um dos mais importantes processos verificados no modelo. De acordo com Scott Braun, meteorologista pesquisador do Centro Espacial Goddard, da Nasa, nas últimas cinco décadas os cientistas vêm utilizam o clássico mecanismo onde o ar vindo da superfície entra na área de baixa pressão, no centro da tempestade, sobe para formar as nuvens e precipitações e se transporta para a alta atmosfera antes de deixar o sistema e se misturar ao ar do ambiente ao redor. Até então, o movimento do ar entre a parede e o olho do furacão parecia ser insignificante neste processo. Segundo Brown, o resultado dos modelos mostra que os vórtices que se formam entre o ar calmo do olho do furacão e a intensa circulação na parede ao seu redor, carregam muito calor e umidade desde olho em direção à parede e agem como uma turbina no mecanismo dos furacões. Esse ar aquecido e úmido amplifica ainda mais a intensidade dos ventos dentro da torre quente. Ainda de acordo com Brown, essa energia re-alimentadora pode ajudar a explicar porque algumas tempestades permanecem mais intensas do que o esperado, principalmente quando encontram influências que deveriam enfraquecê-las, incluindo águas com temperaturas mais frias abaixo delas e quando entram no continente, quando deveriam perder força. Fotos: No topo, imagem de satélite do furacão Katrina, que em 2005 arrasou a cidade turística de Nova Orleans, no Golfo do México. Acima, resultado dos modelos que mostram a influência das Torres Quentes no fortalecimento dos furacões. LEIA MAIS NOTÍCIAS
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