Segunda-feira, 6 ago 2007 - 09h54
Paranal é uma montanha que se ergue 2600 metros acima do deserto de Atacama, no Chile e abriga o local de instalação do telescópio VLT, sigla para Telescópio de Abertura Muito Grande. O telescópio pertence à ESO, organização européia para estudo da astronomia no Hemisfério Sul, que escolheu o local para instalação do equipamento exatamente pelas qualidades excepcionais do céu da região.
No observatório de Paranal trabalha o astrônomo Yuri Beletsky, e como faz habitualmente, fotografa o céu próximo ao seu local de trabalho. Mas na noite do dia 21 de julho, aproveitando um dos experimentos que estavam sendo feitos por uma das equipes, resolveu exercitar seus dotes artísticos e fez essa maravilhosa imagem do céu noturno de Paranal. A cena é testemunha da qualidade do firmamento de Atacama, e revela não só a Via-láctea em todo seu esplendor, mas também diversos objetos interessantes, além é claro, do feixe de luz laser usado pelo Yepun, um telescópio de 8.2 metros, disponível na instalação. "A imagem não é uma montagem", enfatiza Beletsky. "A câmera estava rastreando as estrelas, o que pode ser facilmente percebido se observarmos a cúpula do telescópio, ligeiramente desfocada. A cor do laser também é muito próxima daquela que vemos a olho nu", disse o pesquisador. A maior parte dos pontos vistos na imagem de Beletsky pertence à Via-láctea, em destaque no centro da cena. São poeiras e estrelas que fazem parte da nossa Galáxia, um sistema em espiral composto de mais de 100 bilhões de estrelas. No centro da imagem vemos também dois objetos bastante brilhantes e muito próximos. O maior dos dois é Júpiter, e o segundo é a estrela Antares, no centro da constelação do Escorpião. Outra estrela brilhante pode ser vista no canto esquerdo do centro da imagem: é Alpha-Centauri, uma das estrelas mais próximas do Sol. No entanto, mesmo apresentando um excepcional céu noturno, porque os cientistas ainda precisam de uma estrela artificial? Já não existem estrelas suficientes no céu de Paranal? A resposta está nos sofisticados instrumentos usados pelos astrônomos. Alguns desses instrumentos, como o NACO ou o SINFONI, fazem uso de uma técnica conhecida como Óptica Adaptiva, que permite superar o efeito de embassamento causado pela atmosfera, permitindo aos astrônomos obterem imagens tão nítidas quanto aquelas captadas por telescópios espaciais. A Óptica Adaptiva, no entanto, requer uma estrela relativamente brilhante próxima ao alvo, limitando as áreas adjacentes a serem pesquisadas, mas isso nem sempre é possível. Para transpor essa limitação, os astrônomos usam um poderoso laser apontado para a região de observação, criando uma estrela artificial de brilho conhecido, em qualquer lugar que se fizer necessário. Disparar poderosos feixes de laser para serem usados em telescópios similares ao VLT é um contínuo desafio tecnológico, que demanda alta precisão. Mas como vemos na imagem, já está sendo estudado e implementado pelos cientistas de Paranal. Para captar a imagem mostrada, Beletsky utilizou uma câmera digital com lente grande angular de 10 milímetros, adaptada em uma montagem equatorial, capaz de seguir os astros no céu. De acordo com o próprio Beletsky, cada imagem captada foi resultado de 5 minutos de exposição. Fotos: No topo, a bela imagem captada pelo astrônomo Beletsky, em julho de 2007. Acima, uma das cúpulas do ESO, vista durante o dia. Para ver a foto de Beletsky ampliada, clique sobe ela. LEIA MAIS NOTÍCIAS
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