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Terça-feira, 15 jan 2008 - 11h31

Sonda Ulysses mapeia pólo norte do sol

Ao mesmo tempo em que a sonda norte-americana Messenger se aproximava de Mercúrio na tarde de segunda-feira e chegava a apenas 200 quilômetros da superfície do planeta, outra nave, bem distante dali, também cumpria parte de sua missão e enviava as primeiras informações de uma das mais importantes regiões do Sol.

O feito é da sonda Ulysses, uma missão conjunta entre a Nasa, a agência espacial americana e a Esa, a agência espacial européia. Ao contrário de outras naves, Ulysses está capacitada a sobrevoar exatamente os polos solares, tornando possível o estudo dessas regiões muito difíceis de serem observadas da Terra, Ulysses foi lançada em outubro de 1990 a partir do ônibus espacial Discovery.


Feliz Coincidência
O momento de passagem da sonda acima dessa região solar foi uma feliz coincidência de datas, já que um novo ciclo solar começou há poucos dias. "Essa é uma oportunidade sem precedentes para examinarmos o pólo norte do Sol", disse Arik Posner, cientista norte-americano ligado à Nasa. "Essa condição nunca havia acontecido antes".

A sonda já passou sobre os polos do Sol outras três vezes, em 1994 /95, 2000/01 e 2007. A cada passagem revelou novos detalhes, mas esse sobrevôo promete ser o mais interessante de todos.

"Da mesma forma que na Terra o estudo dos pólos é crucial para a compreensão das mudanças climáticas, o estudo dos polos solares são fundamentais para a compreensão dos ciclos solares", diz Ed Smith, cientista do projeto Ulysses e ligado ao JPL, Laboratório de Propulsão a Jato, da Nasa.


Dínamo Solar
Muitos pesquisadores acreditam que os pólos sejam a central responsável pelos fluxos solares. Quando uma mancha solar se rompe, seu campo magnético enfraquecido é carregado em direção aos polos através de vastas correntes de plasma. Isso faz dos pólos uma espécie de "cemitério de manchas solares". Os campos magnéticos antigos são levados 200 mil quilômetros abaixo da superfície, onde um fenômeno conhecido como dínamo solar amplifica esses campos, que podem ser usados em futuros ciclos.

Outro grande quebra-cabeça revelado em sobrevôos anteriores é a temperatura dos pólos. No ciclo solar anterior, o pólo norte magnético estava cerca de 44 mil graus Celsius, ou 8%, mais frio que o pólo sul. Ninguém ainda sabe o motivo desta diferença e o atual sobrevôo pode ajudar a resolver o mistério, já que ele acontece a menos de um ano do sobrevôo do pólo sul em 2007. Isso permitirá aos cientistas compararem as temperaturas entre os dois pólos com pouca diferença de tempo entre as medidas.

Outra descoberta da sonda Ulysses é o vento polar de alta velocidade. "Nas regiões polares o campo magnético se abre e libera jatos de partículas da atmosfera solar que chegam a quase 2 milhões de quilômetros por hora", explica Smith.

No topo, gráfico da velocidade do vento solar em função da latitude mostra a incrível velocidade dos jatos de partículas sopradas a partir dos pólos.

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