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Terça-feira, 22 jan 2008 - 10h48

Poluição luminosa obriga mudança do observatório de Xangai

Observar o céu durante uma noite limpa e estrelada é o sonho de todo astrônomo, seja ele profissional ou amador. Mas contemplar e estudar os planetas, estrelas e nebulosas sem a interferência das nuvens e da poluição atmosférica é uma tarefa muito difícil nos dias atuais, principalmente se o observatório estiver localizado próximo às grandes cidades. A poluição forma uma barreira visual, que torna os objetos ainda mais tênues e provoca alterações significativas em sua coloração.

Em locais úmidos e quentes a observação é pior ainda. A evaporação da água, imperceptível à vista desarmada, se transforma em uma névoa que parece turbilhar à frente de nossos olhos, similar ao vapor da água em ebulição que sai de uma panela. Esse fenômeno é chamado de turbulência atmosférica e fica mais acentuado quanto maior for a potência do telescópio usado.

Mas de todos os tipos de poluição, o que mais preocupa os astrônomos é sem dúvida a poluição luminosa. Observatórios situados dentro de centros urbanos sofrem com as luzes das ruas, lojas e outdoors. Quando refletidas na atmosfera ofuscam o objeto em estudo, tornando a observação de objetos pouco luminosos uma tarefa muito árdua. Mesmo quando localizados longe das grandes cidades, a luz emanada ainda pode influenciar na observação.

O problema causado pela poluição luminosa é tão sério que todas as atividades do observatório astronômico da cidade de Xangai, na China, foram transferidas para a cidade vizinha de Zhejiang, onde um acordo feito entre as autoridades delimitou uma zona livre de poluição luminosa ao redor do observatório.

Xangai é uma megalópole com mais de 20 milhões de pessoas e milhares de edifícios. Segundo Tao Jun, diretor do Laboratório de Óptica Astronômica do observatório, as luzes da cidade interferiram tanto na capacidade de observação que a única solução encontrada foi mudar o local do observatório.

De acordo com Jun, a situação ficou mais complicada ainda devido à poluição atmosférica, que não permitiu o bom funcionamento do segundo maior telescópio óptico da China, que foi excluído de participar de importantes projetos científicos internacionais. O cientista acrescentou que existem planos de mudar outros telescópios para o oeste do país, onde a qualidade do ar é muito melhor que no litoral oriental, contaminado e urbanizado.


Problema ambiental
Da mesma maneira que a poluição atmosférica, a poluição luminosa também é um problema ambiental, porém menos conhecido e ainda pouco estudado. Ela pode ser definida como qualquer efeito colateral provocado ao meio ambiental através de luz artificial excessiva ou mal direcionada.

Segundo os pesquisadores, as luminárias utilizadas nos postes de rua são as maiores responsáveis pelo fenômeno nas grandes cidades e emitem um fluxo de 60% de luz no sentido horizontal e para cima. A causa, segundo os estudiosos, estaria no formato das luminárias, que não abrigam corretamente as lâmpadas no ângulo de inclinação adequado. Essa luz desperdiçada é notada facilmente pela presença de uma bolha luminosa sobre as médias e grandes cidades e que em nada contribui para a iluminação noturna, já que a única luz realmente necessária é aquela dirigida para o solo.

Fotos: No topo, exemplo típico de poluição luminosa. Na foto a cidade de Nova York, EUA, foi fotografada durante a madrugada. A cena, feita através de superexposição fotográfica mostra o céu praticamente iluminado, revelando a reflexão da luz na camada de ar poluído. Acima, mosaico de imagem de satélite mostra a Terra vista à noite. Os pontos luminosos mostram que a poluição luminosa é mais intensa sobre as grandes metrópoles.

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