Segunda-feira, 11 fev 2008 - 10h39
Novos elementos orbitais, divulgados no último domingo pelo grupo independente de rastreio de satélites SatObs, mostram que o satélite espião norte-americano USA-193 continua perdendo altitude e pode re-entrar na atmosfera terrestre no dia 17 março. Os cálculos foram feitos através de programas que simulam o decaimento de objetos em órbita terrestre, mas não é possível confirmar a data com total exatidão, já que a quantidade de variáveis é muito grande. Uma das principais variáveis envolvidas é o fluxo solar, que modifica a densidade do ar nas altas camadas da atmosfera e consequentemente o atrito das partículas sobre o satélite.
O satélite foi lançado da base militar de Vandenberg no dia 14 de dezembro de 2006 através de um foguete Delta II. Logo após entrar em órbita o artefato sofreu uma pane durante a abertura de seus painéis solares, com reflexos imediatos sobre os sistemas de geração de energia elétrica e comunicações. Alguns dias depois militares dos EUA confirmaram que haviam perdido a capacidade de se comunicarem com o satélite e que todos os esforços estavam sendo feitos para que o controle da nave pudesse ser restabelecido.
Hoje o satélite poderá ser visto por um breve período por observadores situados no extremo leste de Natal. O satélite sobrevoará o Atlântico às 18h50 pelo horário de Brasília, logo após o pôr-do-Sol. O gráfico ajuda a localizar a passagem do satélite. Algumas simulações mostram que no dia 17 de março, por exemplo, o satélite pode re-entrar na atmosfera exatamente sobre a Austrália, mas a previsão mais exata somente será possível com poucos dias de antecedência.
Uma vez que a espaçonave ou seu corpo principal se rompe, diversos componentes e fragmentos continuam a perder altura e se aquecer, até que se desintegram ou atingem a superfície. Muitos dos componentes são feitos em alumínio, que se derretem facilmente. Como resultado, essas peças e desintegram quando a nave ainda está em grandes altitudes. Por outro lado, se um componente é feito com material muito resistente, que precisa de altas temperaturas para atingir o derretimento, pode resistir por mais tempo e até mesmo sobreviver à re-entrada. Entre esses materiais se encontram o titânio, aço-carbono, aço-inox e berilo, comumente usados na construção de satélites. O interessante é que ao mesmo tempo em que são resistentes às altas temperaturas, esses materiais também são muito leves (por exemplo, chapas de tungstênio) e como resultado a energia cinética no momento do impacto é tão baixa que raramente provoca danos de grande porte. O problema começa com a composição química residual, que dependendo do componente que sobreviveu à re-entrada, pode conter material extremamente tóxico, como a hidrazina, utilizado como combustível ou até mesmo material radioativo, usado na geração de energia elétrica. Fotos: no topo, gráfico de rastreio mostra passagem do satélite USA-193 sobre o território brasileiro no dia 11 de janeiro de 2008 às 18h50 pelo horário de Brasília). Acima vemos o tanque de pressurização de um foguete Delta 2, que sobreviveu á re-entrada no dia 22 de janeiro de 1997. O tanque pesa 30 quilos e é contruído de titânio. LEIA MAIS NOTÍCIAS
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