Sexta-feira, 4 abr 2008 - 09h16
O acoplamento do cargueiro europeu Julio Verne à Estação Espacial Internacional, ISS, ocorrido com precisão na última quinta-feira, não foi uma boa notícia apenas para a ESA, a agência espacial européia. O sucesso da operação também é comemorado por aqueles que gostam de acompanhar, com os próprios olhos, as passagens da ISS sobre suas cidades.
O motivo, óbvio para alguns, mas desconhecido por outros, é que o acoplamento do cargueiro europeu ao complexo espacial fez com que este se tornasse ainda mais brilhante aos nossos olhos. Em algumas passagens da ISS a reflexão da luz solar no conjunto pode atingir magnitude de -2, tornando o brilho da ISS mais forte que a estrela Sirius, a mais reluzente do firmamento.
O cargueiro Julio Verne também parece brilhar bastante quando visto através de um bom instrumento. Algumas horas após a união entre as duas naves, o observador de satélites John Locker apontou seu telescópio de 8 polegadas (203 milímetros de diâmetro) para o céu e fez algumas fotos noturnas durante a passagem do complexo espacial sobre a cidade de Wirral, na Inglaterra. "O módulo era tão brilhante que dava pra vê-lo até mesmo entre as nuvens", disse Locker. "Se comparado a outros módulos, Julio Verne parece bem mais encorpado", completou. Para que um satélite, no caso a ISS, possa ser observada diretamente é necessário que a luz do sol atinja sua estrutura e que esta seja refletida até nossos olhos. A primeira vista parece uma simples brincadeira de espelhos, mas para que possamos de fato ver o satélite se movendo no espaço é preciso que os seguintes fatores ocorram ao mesmo tempo:
Pelo item 2 vemos que as condições de visibilidade ocorrem momentos antes do nascer do Sol ou momentos depois deste se pôr. Em algumas condições muito especiais o satélite também pode ser visto durante o dia, mas sempre com o Sol abaixo do horizonte. Diariamente, dezenas de satélites cruzam o céu satisfazendo esta condição, portanto visíveis aos nossos olhos. O truque é saber quando e para onde olhar. Para isso o Apolo11 mantém em operação o Apolo-Track, um novo módulo de rastreio que permite acompanhar diversos satélites em tempo real e gerar tabelas de passagens para sua localidade específica. O módulo utiliza elementos orbitais fornecidos diariamente pela Nasa e pelo Norad, o Comando de Defesa Aérea dos EUA e todos os cálculos utilizam modelos matemáticos de última geração para calcular a posição do satélite sobre a Terra.
Se você nunca viu a Estação Espacial com seus próprios olhos, não sabe o que está perdendo. Pode ser que você já tenha até visto, mas não sabia o que era. Outros, menos informados, ao verem a ISS passar associam o evento a discos voadores ou "coisas estranhas no céu". É importante dizer que não é apenas a ISS que pode ser vista cruzando o céu noturno. Existem outros satélites, muito brilhantes, que também podem ser observados com facilidade. O Telescópio Espacial Hubble e o observatório de pesquisas da alta-atmosfera, UARS, também podem ser vistos e são sempre muito interessantes. Nosso aplicativo utiliza uma base de dados com mais 600 satélites, quase todos visíveis do Brasil. Então, o que está esperando? O céu está muito agitado e a observação dos satélites pode ensinar muita coisa. Clique aqui e acesse o Apolo-Track! Ilustrações: No topo, foto feita através de telescópio pelo observador John Locker na noite de 3 de abril de 2008. Nota-se claramente o grande brilho refletido pelo cargueiro europeu Julio Verne. Crédito: John Locker/SpaceWeather. Acima, tela do Apolo-Track, novo módulo de rastreio do Apolo11, com mais de 600 satélites rastreáveis em tempo real. LEIA MAIS NOTÍCIAS
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