Quinta-feira, 28 ago 2008 - 17h51
Quando a objetiva de um telescópio é apontada para o céu e aberta pela primeira vez, ocorre o batismo do instrumento. Essa data é chamada de "primeira luz" e marca o início de funcionamento do aparelho e das observações astronômicas. Isso acontece também fora da Terra, com os telescópios espaciais.
No início desta semana, a Nasa anunciou a "primeira luz" do mais recente observatório espacial no espectro de raios-gama, o telescópio GLAST. O artefato e seus revolucionários instrumentos passaram nos testes em órbita e estão prontos para uso. Para comemorar a data, a Nasa também anunciou a mudança de nome do telescópio. GLAST, que significa Gamma-Ray Large Area Space Telescope, ou Telescópio de Raios-Gama de Campo Largo, passa agora a se chamar Fermi Gamma-Ray Space Telescope, em homenagem a um dos maiores físicos nucleares do século 20, o italiano Enrico Fermi (1901 - 1954), pioneiro na física de alta-energia. "Enrico Fermi foi a primeira pessoa que sugeriu que as partículas cósmicas podiam ser aceleradas a altas velocidades", disse Paul Hertz, cientista chefe da diretoria da Nasa para missões científicas. "Sua teoria criou a base do conhecimento de novos fenômenos que o telescópio que leva seu nome irá estudar". Os cientistas esperam que Fermi descubra novos pulsares em nossa galáxia e revele os processos que ocorrem próximos aos buracos negros supermassivos em milhares de galáxias ativas, possibilitando a busca de sinais de novas leis naturais. Durante os dois meses seguintes ao lançamento, ocorrido em 11 de junho (2008), os pesquisadores testaram e calibraram dois dos instrumentos a bordo do satélite, o telescópio de Campo Largo LAT e o monitor de pulsos Glast, GBM.
Na imagem vê-se o gás e poeira no plano da Via Láctea brilhando no espectro de raios-gama, devido à colisão com núcleos acelerados chamados raios cósmicos. A famosa nebulosa do Caranguejo e o pulsar Vela também brilham muito neste comprimento de onda. Estas estrelas de nêutrons de rápida rotação, que se formam quando estrelas massivas morrem, foram inicialmente descobertas devido às suas emissões de rádio. Outro pulsar, visto na imagem, chamado Geminga e localizado na constelação de gêmeos, não é uma fonte de rádio e foi descoberto pelo antigo telescópio Compton. O que se espera é que o telescópio Fermi detecte mais pulsares, fornecendo informações chaves sobre como esses exóticos objetos funcionam. Uma quarta mancha brilhante vista na imagem LAT se encontra a cerca 7.1 bilhões de anos-luz de distância, na constelação de Pégaso. Batizada como 3C 454,3, é um tipo ativo de galáxia, chamado Blazar.
O instrumento LAT é capaz de detectar fótons com energia entre 20 milhões e 300 bilhões de eletron-volts. O limite máximo de detecção corresponde a 5 milhões de vezes a energia emitida por um aparelho de raios-x de uso odontológico e segundo os cientistas é uma faixa pouco explorada. O segundo instrumento a bordo da nave, o monitor GBM, já detectou 31 pulsos de raios-gama no primeiro mês de operação. Esses pulsos de alta-energia ocorrem quando estrelas massivas morrem ou quando orbitam outras estrelas de nêutrons e se fundem. O GBM é mais sensível a que o LAT. Assim os pulsos que forem captados em ambos os instrumentos permitirão um estudo sem precedentes em uma larga faixa de emissões de raios-gama, permitindo aos cientistas uma melhor compreensão da magnitude desses eventos. Foto: Primeira luz do telescópio Fermi de raios-gama. Imagem semelhante, feita pelo telescópio espacial Compton levou 16 meses para ser produzida. A foto atual levou apenas 95 horas. Na seqüência, o telescópio antes de ser lançado ao espaço. Crédito: NASA/DOE/International LAT Team/Universidade de Stanford. LEIA MAIS NOTÍCIAS
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