Terça-feira, 23 dez 2008 - 10h00
Durante as grandes erupções vulcânicas, enormes quantidades de partículas são lançadas em direção à atmosfera, o que aumenta a reflexão dos raios solares e diminui a intensidade com que atingem a superfície. Sendo assim, poderiam as erupções ao redor do globo contribuírem de alguma maneira para o resfriamento do planeta?
Segundo um grupo de pesquisadores, liderado pela cientista Rosanne D'Arrigo do observatório geofísico Lamont-Doherty, em Nova York, a resposta é sim. De acordo com o estudo, as erupções vulcânicas ocorridas nos últimos 450 anos contribuíram de fato para o resfriamento da faixa tropical terrestre, especialmente as grandes erupções do Krakatoa, na Indonésia, em 1883 e Huaynaputina, no Peru, no ano de 1600. Para chegar a essa conclusão, a equipe de pesquisadores compilou os extremos de temperatura dos últimos 450 anos coletados em registros de amostras de gelo, anéis das árvores e recife de corais, que permitiram aos pesquisadores inferir a temperatura dos oceanos na faixa tropical entre 30 graus ao sul e 30 graus ao norte da linha do equador. Segundo os estudos, o resfriamento do oceano tropical respondeu sincronicamente aos períodos de grande atividade vulcânica e só deixaram de corresponder nos primeiros anos de 1900. As pesquisas mostraram que o mais longo período de resfriamento sustentado da temperatura do oceano ocorreu no início de 1800, logo após a erupção do Monte Tambora, na ilha de Sumbawa, na Indonésia. Entre 5 e 10 de abril de 1815 a montanha atingiu seu ápice e segundo o Instituto de Pesquisas Geológicas dos EUA, foi a mais poderosa erupção registrada na história, lançando ao espaço 180 quilômetros cúbicos de magma. Segundo D'Arrigo, a ligação entre as atividades vulcânicas e o resfriamento da faixa tropical diminui no início do século 20. No entender da pesquisadora, essa diminuição da relação está ligada aparentemente aos efeitos do aquecimento global, quando se iniciou o período de maior quantidade de queima de combustíveis fósseis. O estudo de D'Arrigo foi publicado no periódico científico "Journal of Nature Geoscience"
A violenta atividade do Tambora começou três anos antes da grande erupção de 1815. Começou de forma moderada seguida de enorme explosão que lançou material piroclástico a uma altura de 33 quilômetros. Cinco dias depois, outra explosão lançou material a uma altura de mais de 44 mil metros, obscurecendo o céu em um raio de mais de 500 quilômetros ao redor da montanha. Na ocasião morreram cerca de 75 mil pessoas. Estudos recentes mostram que o fluxo de material desceu pela encosta da montanha a 700 km/h, com temperatura de 500 °C. Os efeitos da explosão foram tão intensos que foram sentidos no hemisfério norte. A liberação de gases sulfúricos diminuiu grande parte dos raios solares provocando na Europa o "ano sem verão". Segundo os pesquisadores, a temperatura global baixou 3 °C, caracterizando o evento como um inverno vulcânico.
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