Segunda-feira, 5 jan 2009 - 08h10
Pela primeira vez na história, pesquisadores norte-americanos atingiram uma camada de rocha incandescente após terem perfurado experimentalmente a crosta terrestre. O magma é normalmente observado durante as erupções vulcânicas, mas essa é a primeira vez que uma equipe de perfuração atinge a camada magmática.
Segundo Bruce Marsh, perito em vulcões da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, o encontro do magma após uma perfuração é uma descoberta sem precedentes. Normalmente os vulcanologistas realizam estudos do magma quando este já está solidificado ou então estudam a lava (o magma após atingir a superfície) durante os períodos de erupções, mas encontrar o magma em seu ambiente natural não tem precedentes. "É tão emocionante quanto encontrar um dinossauro vivo brincando em uma ilha distante. Esse é o meu Jurassic Park", disse durante uma palestra da União Geofísica Americana.
Durante as perfurações de rotina a equipe se deparou com algo bastante incomum: um espesso fluxo de magma havia preenchido 8 metros da tubulação exploratória e se solidificou em uma substância clara e vítrea, provavelmente devido ao resfriamento que sofreu após passar pela água do lençol freático, centenas de metros acima. Os cientistas já sabiam que poderiam existir câmaras magmáticas no entorno do local de escavação. Segundo Don Thomas, cientista do Centro de Estudo de Vulcões Ativos, da universidade do Havaí, a descoberta era apenas uma questão de tempo antes que alguma perfuração atingisse o magma incandescente. Apesar de esperado, Thomas se disse surpreso com o fato de que realmente tenha acontecido. "É realmente muito emocionante", disse.
"Se tivéssemos encontrado o basalto, o impacto da descoberta seria bem menor", disse William Teplow, geólogo e consultor independente que está no Havaí assessorando o projeto. Teplow está bastante entusiasmado com as perspectivas e disse que isso é só a ponta de um iceberg. "Não sabemos onde essa descoberta vai nos levar, mas sem dúvida é uma oportunidade de ouro". Segundo o consultor poderá até ser possível conduzir experiências científicas no interior do magma. Marsh, da Universidade Johns Hopkins, disse que a câmera de magma descoberta é bastante grande e poderá ser usada como fonte geradora de energia e também para futuras pesquisas científicas na mesma região. "O poço que escavamos é bem pequeno. Tem dimensões equivalentes a picada de mosquito nas costas de um elefante", afirmou. "Acredito que estamos falando do primeiro observatório de magma instalado no planeta", disse Marsh. "Trata-se de um evento singular, do nosso primeiro contato com as entranhas da Terra, onde vive o magma".
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