Quinta-feira, 26 fev 2009 - 07h31
A busca por planetas fora do Sistema Solar - os exoplanetas - tem se tornado quase uma obsessão entre astrofísicos, que têm utilizado todas as tecnologias possíveis para a detecção desses objetos, muitos deles a milhões de anos-luz do nosso planeta. Para auxiliar os cientistas nessa incansável busca, a agência espacial americana, Nasa, desenvolveu uma nova ferramenta que será colocada no espaço nos próximos dias: O telescópio Espacial Kepler.
O lançamento do telescópio será feito através de um poderoso foguete do tipo Delta II e está previsto para ocorrer no próximo dia 6 de março às 00h40 pelo horário de Brasília a partir da base de Cabo Canaveral, na Flórida. Esta será a primeira missão mundial com a capacidade de detecção de planetas rochosos similares à Terra e que orbitem estrelas parecidas com nosso Sol. Um dos principais objetos da missão será detectar a presença de água em estado líquido, essencial para a formação da vida como a conhecemos. O telescópio foi projetado para detectar o escurecimento periódico de uma estrela, que ocorre sempre que um planeta passa à frente do disco luminoso. Para isso Kepler conta com os mais sensíveis sensores luminosos até agora desenvolvidos, capazes de detectar variações luminosas menores que 20 partes por milhão. Para atingir essa resolução os cientistas contarão com a maior câmera digital já colocada no espaço, com capacidade de 95 megapixels. "Se Kepler fosse apontado para uma pequena cidade na Terra durante a noite, seria capaz de detectar a diminuição de brilho provocada pela passagem de uma pessoa à frente de uma lanterna", disse James Fanson, diretor do projeto junto ao Laboratório de Propulsão a Jato, da Nasa.
Uma das características de Kepler é o modo como será posicionado no espaço, que permitirá que uma mesma estrela seja observada constantemente durante todo o período da missão. Espera-se que o telescópio descubra centenas de planetas iguais ao nosso e diversos outros em diferentes distâncias da estrela-mãe. Se os planetas iguais à Terra forem comuns na zona habitável, o telescópio deverá encontrá-los. No entanto, se forem raros, Kepler poderá não os detectar. De acordo com Michael Bicay, diretor de ciências do Centro de Pesquisa Ames, da Nasa, um resultado nulo é tão importante quanto encontrar diversos planetas. Seja qual for o resultado da missão Kepler, esse é o primeiro passo para responder uma questão formulada pelos antigos gregos: Afinal, existem outros mundos iguais aos nossos ou estamos sozinhos no Universo?
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