Cientistas encontram explicação para região vermelha na Antártida

O lago fica em uma região em frente a geleira de Taylor, que leva o nome de Cachoeiras de Sangue (Blood Falls, em inglês), onde a superfície é avermelhada.

É curioso entender como é possível existir esse cenário em plena Antártida. Debaixo da geleira Taylor, uma peculiar comunidade de bactérias evolui totalmente isolada, sem nenhum oxigênio há pelo menos 1,5 milhão de anos. Esses microrganismos se alimentam apenas de compostos de ferro e enxofre.

Por essa água ser tão rica em ferro, quando em contato com ar ela enferruja imediatamente manchando o gelo.

O grupo de pesquisadores liderado por Jill Mikucki, da Universidade Harvard, chegou até os microorganismos estudando justamente o fluxo de salmoura que escorre em frente ao glaciar, nos Vales Secos de McMurdo, uma das regiões mais áridas do continente Antártico.

Os primeiros exploradores deram o nome de “Blood Falls” à região, pois acreditavam que a coloração vermelha no gelo era proveniente de algas.

"Quando eu comecei a fazer a análise química, não havia oxigênio, foi aí que as coisas começaram a ficar interessantes." afirmou Mikucki.

As bactérias encontradas embora parentes de bactérias marinhas comuns, mas são extremamente diferentes e usam compostos de enxofre para ajudá-las a respirar ferro, algo jamais visto.

Os pesquisadores acreditam que essa evolução seja consequência de centenas de milhares de anos de isolamento. Os ancestrais dessas bactérias provavelmente viviam no mar há milhões de anos, antes de os Vales Secos se erguerem.

Há cerca de 1,5 milhão de anos, a geleira Taylor avançou, cobrindo então a laguna, que não congela por ser quatro vezes mais salgada que o oceano.

Foto: O lago fica em uma região em frente à geleira de Taylor, que leva o nome de Cachoeiras de Sangue (Blood Falls, em inglês), onde a superfície é avermelhada. Crédito: Benjamin Urmston/Jill Mikucki.