Segunda-feira, 25 mai 2009 - 09h26
Que as estrelas rotacionam sobre o seu próprio eixo não é segredo pra ninguém. Nosso Sol, por exemplo, leva aproximadamente 25 dias para dar uma volta completa. Mas o que dizer de uma estrela que gira quase 600 vezes por segundo, lançando ao espaço potentes feixes de ondas eletromagnéticas?
Pois foi exatamente isso que pesquisadores da Universidade de Montreal, no Canadá, descobriram. Utilizando telescópios instalados nos EUA, Holanda e Austrália, cientistas detectaram o mais rápido pulsar até hoje descoberto, girando à incrível velocidade de 592 revoluções por segundo. A descoberta do objeto foi feita pelas cientistas Anne Archibald e Victoria Kaspi e anunciado esta semana na publicação Science Express. Segundo o paper (trabalho científico), o pulsar se chama PSR J1023+0038 e tem o tamanho aproximado de uma cidade de grande porte. "O objeto está localizado há 4 mil anos luz de distância na constelação do Sextante e de acordo com as medições seu período de rotação é de 592 revoluções por segundo. Esse é um dos mais rápidos pulsares que já vimos", disse David Champion, diretor do observatório Parkes, na Austrália. Pulsar é uma estrela de nêutrons de altíssima densidade, cujo núcleo foi esmagado pela força gravitacional após a explosão da estrela principal. "Nós detectamos a estrela pelos poderosos feixes de ondas eletromagnéticas que esses objetos emitem, que chegam à Terra como uma espécie de farol pulsante", disse Champion.
A companheira descarregaria parte de sua matéria em direção à estrela de nêutrons, aumentando sua velocidade. Atraído, o material formaria um plano e rotativo disco de acreção ao redor da estrela de nêutrons, bloqueando a propagação das ondas eletromagnéticas. À medida que o fluxo de material decresce e cessa, as ondas eletromagnéticas reaparecem e a estrela de nêutrons passa a ser reconhecida como um pulsar. A densidade de uma estrela desse tipo é tão alta que uma simples colher do material estelar pesaria bilhões de toneladas. PSR J1023+0038 foi descoberto em 2007 através de observações feitas pelo radiotelescópio GBT (Green Bank Telescope), pertencente ao Radio-Observatório Nacional dos EUA, auxiliado pelo telescópio Parkes, que foi usado para adquirir as observações orbitais que ajudaram a caracterizar as propriedades do pulsar.
Agora, após as observações atuais feitas com diversos radiotelescópios, as peças do quebra-cabeças se encaixaram. "Até agora nenhum outro pulsar havia apresentado evidências de um disco de acreção e uma rotação tão alta", disse Archibald. "Essa descoberta nos presenteia com um verdadeiro "laboratório cósmico" sem precedentes, que vai permitir estudos muito mais profundos sobre a dinâmica dos pulsares", disse a cientista.
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