Terça-feira, 26 mai 2009 - 09h54
Em 1990, quando a sonda Voyager estava próxima ao limite do Sistema Solar, uma fotografia chamou a atenção do mundo. Ela retratava a Terra, vista de uma distância nunca imaginada. Na cena, nosso planeta é tão pequeno e insignificante que o astrônomo Carl Sagan o chamou de "Pálido Ponto Azul", em uma referência ao diminuto ponto perdido entre milhões de estrelas.
Desde "Pálido Ponto Azul", os astrônomos descobriram mais de 300 planetas orbitando estrelas diferentes do Sol, quase todos gigantes gasosos como Júpiter. No entanto, devido à gigantesca distância, mesmo usando poderosos telescópios estes planetas não passam de um microscópico ponto, muito difíceis de serem estudados. Como parte de um estudo utilizando instrumentos a bordo da nave Deep Impact (Impacto Profundo), uma equipe de astrofísicos e astrobiólogos estão agora tentando reduzir essa dificuldade, aprimorando uma nova técnica que pode apontar se os distantes planetas podem ter água, capazes portanto de abrigar vida. "A água líquida na superfície de um planeta é o ouro que os cientistas espaciais buscam", disse Nicolas Cowan, doutorando em astronomia na Universidade de Washington e que teve seu paper (trabalho científico) publicado esta semana no periódico "Astrophysical Journal".
Os pesquisadores estudaram então os tênues desvios das cores, provocados pelo movimento de rotação dos oceanos e deslocamento das nuvens e encontraram duas cores dominantes, uma refletindo as ondas longas, ou vermelhas e outra refletindo os comprimentos de ondas curtas, ou azuis. O vermelho foi interpretado como as massas continentais e as azuis os oceanos. "A análise foi realizada como se fôssemos alienígenas olhando a Terra, como se estivessem nos observando dezenas de anos-luz", disse Cowan.
As observações da Terra foram feitas no dia 18 e 4 de junho, quando a nave estava acima da linha do equador a 27 e 52 milhões de quilômetros de distância. Segundo Cowan, se a Deep Impact estivesse sobre o eixo polar as observações resultariam em branco, ao invés de cinza.
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