Quinta-feira, 23 jul 2009 - 10h13
Uma das principais atividades feitas pelos astronautas depois de caminhar na superfície da Lua foi sem dúvida a coleta de rochas e pedras lunares, que posteriormente foram enviadas às diversas universidades para análises. O que os astronautas não sabiam é que 40 anos depois esse material ainda seria estudado pelos cientistas, cada vez mais interessados em conhecer a história da Lua.
Clique para ampliar Uma das primeiras instituições a receber as amostras em 1969 foi a Universidade de Wisconsin, onde na época trabalhava o professor Randy Korotev, que auxiliou no estudo das amostras iniciais entregues para as análises. "Estava no lugar certo e na hora certa", disse o professor. Atualmente Korotev é cientista chefe do departamento de ciências terrestres e planetárias da Universidade de Washington em Saint Louis e até hoje estuda a composição química e geológica das amostras vindas da Lua. Segundo Korotev, apesar da enorme quantidade de estudos a que foram submetidas, as rochas lunares ainda podem fornecer muitas respostas às perguntas ainda sem solução sobre a formação e desenvolvimento do nosso satélite. "Quanto mais analisamos as amostras, mais complexas se tornam as perguntas. Quando lá estivemos não tínhamos nem uma fração do conhecimento que temos hoje, adquirido principalmente devido às missões enviadas para lá em 2000, mas quando as dúvidas começaram a aumentar resolvemos cruzar os dados das missões com o resultado das amostras e isso tem produzido bons resultados", disse Korotev, que se dedica principalmente entender como a Lua é afetada pelo impacto de meteoritos.
No entender de Korotev, o objetivo da Apollo 11 não era coletar rochas e só o fizeram por insistência do geólogo Eugene Shoemaker (que mais tarde descobriu o cometa Shoemaker-Levy 9 que se chocou contra Júpiter), que na época trabalhava como consultor para a Nasa. Na ocasião, as amostras não tinham tanta importância do ponto de vista político e os governantes não fizeram muita questão de saber para onde as pedras estavam sendo levadas. Korotev credita principalmente a Walker, atualmente ligado ao Instituto McDonnel da Universidade de Washington, o fato de alguns centros de pesquisas ainda terem amostras para estudo. "Walker fez uma verdadeira cruzada para reunir as amostras que estavam espalhadas, algumas até jogadas em caixas de papelão em porões úmidos. Graças a ele hoje temos boa parte das amostras, catalogadas e armazenadas em locais adequadas e disponíveis para quem quiser estudá-las", disse Korotev.
Segundo a pesquisadora Ghislaine Crozaz, ligada ao grupo de Walker, as amostras proporcionaram importantes formulações sobre a história do Sistema Solar que não poderiam ser feitas simplesmente observando os meteoritos encontrados na Terra. "Quando esses objetos entram em nossa atmosfera são praticamente incinerados e perdem os registros de radiação a que foram submetidos. Isso não acontece com as amostras lunares, que foram bombardeadas por meteoritos que não sofreram com aquecimento da atmosfera e mantêm portanto as características originais. Atualmente, a maior parte das amostras de solo e rochas lunares estão disponíveis no Repositório de Rochas Lunares do Centro Espacial Houston, da Nasa e podem ser requisitadas para análise por qualquer universidade que tenha interesse no estudo aprofundado da geologia e mineralogia da Lua.
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