Quinta-feira, 29 out 2009 - 09h15
Os aglomerados estelares estão entre os mais fascinantes objetos que podemos ver no céu noturno. De beleza ímpar, encantam desde os curiosos até os astrônomos profissionais, que não se importam em passar horas observando suas estrelas reluzentes, que como diamantes salpicam a escuridão do cosmos.
Clique para ampliar Um dos mais espetaculares aglomerados desse tipo se encontra próximo ao conhecido Cruzeiro do Sul e pode ser visto com bastante facilidade até mesmo pelos menos experientes. Oficialmente chamado de NGC 4755, o aglomerado Kappa Crucis também é conhecido pelo apropriado e popular nome de "Caixa de Joias" e não é difícil imaginar o porque. O carinhoso apelido foi cunhado em 1830 pelo astrônomo inglês John Herschel, que não se cansava de admirar o contraste mágico entre as pálidas estrelas azuis e laranjas que via através de seu telescópio, comparando a cena à uma exótica caixa de joias Um aglomerado desse tipo pode conter milhares de estrelas que são mantidas muito próximas ente si pela força da atração gravitacional. Como essas estrelas se formaram praticamente ao mesmo tempo, suas idades e composições químicas também são parecidas, o que as torna laboratórios ideais para o estudo da dinâmica estelar. A imagem mostrada acima foi captada pelo Imageador Grande Angular (WFI) do telescópio do observatório de La Silla, localizado nos andes chilenos, e retrata todo o esplendor do aglomerado repleto de estrelas coloridas. O aglomerado se localiza a 6400 anos-luz de distância e tem apenas 16 milhões de anos. Clique para ampliar Muitas das estrelas registradas na imagem se localizam fora da Via Láctea, atrás da Caixa de Joias, e são vistas na composição em tons avermelhados. Isso acontece porque a luz das estrelas distantes passa através do gás do aglomerado, que espalha e absorve mais a luz azul do que a vermelha. Como resultado, a luz que chega até os telescópios tendem ao vermelho, um efeito igual ao que produz o pôr-do-sol alaranjado aqui na Terra. Outra imagem bastante interessante da Caixa de Joias foi feita pelo Grande Telescópio VLT, localizado no observatório europeu de Paranal, também nos andes chilenos, e retrata a mesma região do céu de maneira mais aproximada. A cena revela diversas estrelas supergigantes, muitas delas com mais de 15 vezes a massa solar, além de uma outra supergigante vermelha vista quase que solitária no centro da imagem. Se observar essas imagens confortavelmente à frente de um monitor já é de tirar o fôlego, imagine então observar a Caixinha de Joias com um telescópio de verdade na companhia de bons amigos? Experimente e veja se John Herschel não tinha razão!
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