Quinta-feira, 3 dez 2009 - 09h17
Até agora, o continente antártico é a região do planeta que menos tem sofrido com os efeitos do aquecimento global. E apesar de parecer estranho, o perverso buraco na camada de ozônio que tanto preocupa é um dos principais responsáveis por essa situação, agindo como uma espécie de blindagem contra o aquecimento.
Clique para ampliar Segundo um relatório divulgado nesta terça-feira (1/12/2009) pelo Comitê Científico de Pesquisa Antártica, SCAR, o buraco na camada de ozônio continua regredindo e até o final do século estará praticamente fechado, fazendo com que a temperatura no continente gelado finalmente reflita os efeitos do aquecimento do planeta. Em entrevista à agência de notícias Reuters, o diretor-executivo do Scar, Colin Summerhayes, confirmou a informação. "Atualmente o gelo está aumentando, mas não será mais assim quando o buraco de ozônio fechar. Lentamente o gelo vai derreter e de acordo com os modelos atuais vamos perder até um terço da massa de gelo naquela região".
O mecanismo que torna que cria essa blindagem é simples de compreender. Os raios ultravioletas do Sol são absorvidos pelas moléculas de ozônio presentes na estratosfera, ajudando a esquentá-la. No entanto, com menos ozônio presente devido ao buraco na camada, essa região da atmosfera esfria. Isso ajuda a fortalecer o vórtice polar antártico, um gigantesco redemoinho de vento que controla a circulação atmosférica sobre o continente, mantendo a Antártida menos aquecida. Segundo o glaciologista Jefferson Simões, ligado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a intensidade desse vórtice depende basicamente da diferença de temperatura entre a região polar e o resto do planeta. “Com o vórtice mais frio essa diferença aumenta, fazendo com que ele gire com mais intensidade", disse Simões em entrevista concedida à Folha de São Paulo. Como resultado, esse intenso vento cria uma muralha de ar entre a Antártida e os outros continentes, explicando o menor aquecimento verificado no continente gelado.
No entanto, a elevação da temperatura projetada até o final do século é de 3 graus, insuficiente para que a maior parte do gelo continental desapareça.
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