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Terça-feira, 19 jan 2010 - 09h59

Bairros com alta impermeabilização registraram mais chuva em 2009

“São Paulo, terra da garoa”. A expressão conhecida pelos paulistanos e visitantes da maior cidade do Brasil praticamente não existe mais. A concentração cada vez maior de imóveis, veículos e asfalto geram o que os especialistas chamam de “ilhas de calor”, responsáveis diretamente pelos fortes temporais que castigam todos os anos a capital.

Tempestade em São Paulo
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Dados reunidos pelo Centro de Gerenciamento de Emergências da Prefeitura (CGE), pela Secretaria do Verde e Meio Ambiente e por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), indicam que a zona leste da capital paulista foi a região que mais acumulou chuva em 2009.

Não é por acaso, que a área está entre as que mais possuem concentração de concreto da cidade. As medições da chuva tiveram como base 29 pluviômetros espalhados por toda região metropolitana. A zona leste teve 22% a mais de chuva do que a zona norte, que registrou a menor quantidade de precipitação.

Dos bairros que mais acumularam chuva em 2009, estão o Itaim Paulista e o São Miguel Paulista, ambos na zona leste. A área ocupada pelo concreto é mais da metade do que a ocupada por vegetação. No Itaim Paulista, cerca de 65% a 75% da área é impermeabilizada. Em São Miguel Paulista, a taxa sobe para 84%. Neste último, fica o Jardim Pantanal, palco de graves enchentes neste verão.

O que ocorre na prática é que a grande massa de concreto não absorve água e nem umidade e assim se torna a vilã dos temporais em São Paulo. A concentração do concreto eleva a temperatura numa determinada região e quando esse ar quente encontra o ar mais frio presente na atmosfera gera as nuvens de tempestade resultando nas chuvas intensas, alagamentos e enchentes, lamentavelmente tão corriqueiros na cidade.

A zona leste tem mais uma particularidade. “Na faixa leste do Estado a Serra do Mar é mais baixa, o que facilita a infiltração da brisa marítima, um ar mais úmido que vem do oceano. Quando a brisa encontra regiões com o ar quente, como as ilhas de calor forma nuvens carregadas e provoca as chuvas fortes”, explica Adilson Nazário, meteorologista do CGE.

A falta ou quase a ausência de áreas verdes também ajuda a explicar porque o centro da cidade de São Paulo ficou na segunda posição da região mais chuvosa em 2009. Dados da prefeitura mostram que a região concentra a menor quantidade de área verde da capital. Por outro lado, a zona norte que registrou o menor volume de chuva, concentra a maior quantidade de parques e praças da cidade.


Foto: Tempestade se formando na cidade de São Paulo em janeiro de 2010. Ao fundo, região central da capital. Crédito: Maria Clara Machado/Apolo11.com.

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