Quinta-feira, 29 abr 2010 - 09h40
A busca por alguma forma de vida no planeta Marte é um dos maiores desafios dos cientistas espaciais. O planeta se parece muito com a Terra e ao que tudo indica rios de água já correram pela sua superfície. O problema é que as sondas enviadas para lá também podem levar bactérias e contaminar o ambiente, produzindo falsos alarmes de vida extraterrestre.
Para preservar o ambiente marciano as naves passam por um complexo processo de esterilização, mas de acordo com um novo estudo publicado pelo periódico Applied and Environmental Microbiology, algumas bactérias podem não ser totalmente eliminadas e ainda terem a capacidade de sobreviver ao severo ambiente marciano. Os estudos mostram que apesar dos esforços de esterilização, diversas comunidades microbianas ainda permanecem ativas no momento do lançamento. Além disso, a própria natureza estéril da nave assegura que somente as espécies mais resistentes sobrevivam, incluindo a Escherichia coli, os estafilococos, a acinetobacter e os estreptococos. Para replicar condições existentes no Planeta Vermelho, pesquisadores da Universidade da Flórida Central construíram um laboratório especial com as mesmas baixas temperaturas, pressão e radiação ultravioleta (UV) existentes em Marte. Os estudos foram conduzidos durante uma semana e nesse período os cientistas constataram que a bactéria Escherichia coli é um sério agente contaminante, que pode sobreviver no ambiente marciano mesmo quando protegido da radiação UV por finas camadas de poeira ou em nichos da espaçonave. Apesar dessa constatação, o estudo mostrou que as bactérias não se desenvolveram no ambiente simulado. De acordo com os cientistas, as pesquisas deverão prosseguir com o objetivo de saber se a vida microbiana por longos períodos é possível. "Se isso ocorrer, é possível que missões passadas já tenham contaminado o Planeta Vermelho com bactérias terrestres", disse um dos autores do estudo.
Imagine por exemplo que uma sonda detecte algum microorganismo, uma proteína ou um vírus qualquer no ambiente marciano. Sem dúvida seria uma das maiores descobertas da humanidade. Agora imagine que após anos de pesquisa os cientistas descubram que esse microorganismo não passe de um exemplar terráqueo, que se instalou na sonda e foi transportado até o Planeta Vermelho. Os estudos de contaminação planetária ganham cada vez mais importância na busca por vida extraterrestre e diversos protocolos de esterilização de naves já foram propostos. Em junho de 2009, um artigo publicado pelo Apolo11.com mostrou que um novo conjunto de regras havia sido apresentado por cientistas da universidade de Leeds, na Inglaterra e envolvia o dilema conhecido como "Transmissão de Contaminação". As regras definiam os métodos a serem usados para que microorganismos provenientes da Terra não viagem de carona até o planeta em estudo e que poderiam comprometer as amostras coletadas. O protocolo continua em análise e foi inicialmente desenvolvido como parte de um projeto que investiga as formas de vida no severo ambiente do Ártico, que é o que mais se assemelha, aqui na Terra, ao ambiente marciano. O trabalho apresentado esta semana pelos pesquisadores da Flórida é fundamental na revisão dos métodos de descontaminação das futuras sondas que pousarão em Marte ou em suas luas, em especial a missão russa Phobos-Grunt, que pousará em Phobos em 2012 e trará o material coletado de volta à Terra. Leia mais sobre Microorganismos
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