Segunda-feira, 18 out 2010 - 11h31
Se prever terremotos é uma atividade praticamente impossível nos dias atuais, não se pode dizer o mesmo das erupções vulcânicas. Antes de explodir e ejetar o material magmático do interior da Terra, os vulcões emitem uma série de sinais e quando corretamente interpretados podem evitar que populações inteiras sejam pegas de surpresa.
Agora, cientistas das universidade de Indiana e Purdue nos EUA, Leeds, na Inglaterra e Adis-Abeba, na Etiópia, acreditam terem desenvolvido uma nova maneira de localizar com precisão o local ocorrerão algumas erupções vulcânicas. De acordo com os pesquisadores, as tensões induzidas na crosta terrestre pelo movimento do magma durante uma erupção podem de fato disparar outros vulcões, permitindo que esses sejam previstos. Estudos anteriores já apontavam para essa possibilidade, mas estavam baseados em eventos isolados de erupção. Para chegar a esta conclusão, os cientistas analisaram a atividade vulcânica no deserto de Afar, na Etiópia, durante o período entre 2005 e 2009 e depois de estudarem uma rara sequência de 13 erupções magmáticas, descobriram que cada intrusão de rocha derretida entre as placas tectônicas arábica e africana tinha uma causa perfeitamente mensurável. De acordo com os resultados, as invasões não eram aleatórias, mas estavam relacionadas devido à mudança das tensões no interior da crosta terrestre. A equipe focalizou os estudos em torno de um dique (ou chaminé) vulcânico que eclodiu na região em setembro de 2005, onde o magma foi injetado ao longo de um dique entre 2 e 9 km de profundidade. Um dique vulcânico é uma longa fissura vertical criada quando o magma é trazido à superfície através de canais no interior da crosta da terra.
Os dados dos sensores foram então introduzidos em um modelo matemático de previsão baseado nas tensões do solo, que confirmou que as 12 erupções subseqüentes seriam de fato as mais prováveis de ocorrer de acordo com o resultado do modelo. "Nós demonstramos que uma erupção vulcânica podem influenciar no disparo de outra, e isso poderá ajudar a prever futuros eventos", disse Ian Hamling, principal autor do estudo, junto à Escola de Terra e do Meio Ambiente da Universidade de Leeds.
"Conhecer o estado dessa tensão não vai dizer quando uma erupção vai acontecer, mas vai dar uma idéia melhor de onde é mais provável de ocorrer", explicou o cientista, que espera que o método possa ser usado junto a outras formas de previsão atualmente em uso.
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