Sexta-feira, 17 jun 2011 - 11h07
Apesar das tempestades solares terem chamado bastante a atenção nos últimos dias, após fortes ejeções de massa coronal e algumas tempestades geomagnéticas, a atividade da estrela não parece apontar para um aumento nas tormentas. A causa pode ser a mesma que enfraqueceu os ventos solares e diminuiu o campo magnético da estrela, mas o mecanismo ainda é uma incógnita.
Desde que as medições solares começaram a ser feitas na Era Espacial, há mais de 50 anos, cientistas ligados ao estudo da estrela constataram que a pressão média dos ventos solares diminuiu mais de 20% desde a metade da década de 1990, mas curiosamente esse enfraquecimento não foi acompanhado da redução em sua velocidade, de apenas 3%. De acordo com dados coletados pela sonda interplanetária Ulysses entre 2004 e 2008, a redução da pressão do vento solar ocorreu principalmente em função da diminuição da temperatura e da densidade do fluxo. Segundo os dados, o vento solar está 13% mais frio e 20% menos denso. No entender de Arik Posner, cientista da Nasa ligado ao programa Ulysses, esse enfraquecimento é uma tendência de longo prazo, uma diminuição constante da pressão iniciada na década de 1990. "É difícil afirmar se esse é um evento raro", disse Posner. "Estamos monitorando o vento solar há menos de 60 anos. Dentro desse período, é a primeira vez que isso foi observado. Se isso foi assim por séculos ou milênios, ninguém sabe, pois não temos dados que remontam tão longe", explicou o pesquisador.
A heliosfera é uma espécie de bolha magnética gerada pelo Sol e inflada em proporções colossais pela ação dos ventos solares. Todos os planetas do Sistema, desde Mercúrio até Netuno estão dentro dessa bolha. Partículas de alta-energia vindas de buracos negros e supernovas são arremessadas em direção ao Sistema Solar, mas a maior parte é defletida pelo campo magnético da heliosfera, que envolve o Sistema. Assim, a heliosfera age como um gigantesco escudo contra os raios cósmicos vindos do espaço exterior. Enfraquecido, o vento solar "infla" menos a heliosfera, o que significa menor blindagem contra os raios cósmicos. De fato, os dados coletados pela Ulysses mostraram que a média do campo magnético solar enfraqueceu cerca de 30% desde 1990, ao mesmo tempo que a quantidade de partículas de alta-energia (giga-eletrons-volt) ao redor da Terra saltou aproximadamente 20% neste mesmo período. Essa quantidade extra de partículas não representa ameaça às pessoas na superfície da Terra, já que nossa magnetosfera age como um escudo bastante. No entanto, quantidades maiores de partículas podem ter consequências nas atividades exercidas fora da Terra, como passeios espaciais dos astronautas ou missões robóticas em outros planetas, que estariam sujeitas a uma maior dose de radiação. Além disso, existem estudos controversos que associam fluxos de raios cósmicos ao aumento da nebulosidade e possíveis mudanças climáticas na Terra. As causas para o enfraquecimento do vento solar, queda do magnetismo e suas consequências aqui na Terra ainda são uma incógnita, mas os pesquisadores estão bastante confiantes de que com a nova geração de observatórios solares espaciais, essas dúvidas serão respondidas.
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