Quinta-feira, 24 nov 2011 - 07h29
Agência Espacial Europeia capta sinais da sonda Phobos-Grunt
Quinze dias depois de ser lançada e apresentar uma falha que a manteve na órbita da Terra, a sonda russa Phobos-Grunt finalmente deu sinais de vida e teve seus sinais captados pela antena de rastreio de 15 metros de diâmetro da Agência Espacial Europeia, localizada em Perth, na Austrália.
![]() As tentativas de contato estavam sendo feitas diariamente desde o dia 9 de novembro através de inúmeras configurações de radiocomunicação, mas nenhuma delas obteve resposta. Nos últimos dias, engenheiros da ESA modificaram uma antena de 15 metros de diâmetro e instalaram um novo alimentador na borda do disco parabólico de modo a transmitir sinais de baixa potência em um ângulo mais aberto, na esperança de obter uma resposta da sonda russa. A potência de transmissão precisou ser reduzida porque os receptores da PHobos-Grunt são otimizados para receberem sinais muito débeis, rejeitando transmissões de nível elevado que possam saturar e danificar os circuitos. Por outro lado, devido à incerteza da posição exata da sonda, optou-se por transmitir com ângulo mais aberto, contornando os erros de posicionamento. A localização da antena da cidade de Perth, Austrália, também foi escolhida devido à posição. A Phobos passaria acima da antena durante o período diurno, o que permite a máxima captação de energia pelos painéis solares que alimentam os sistemas.
Apesar das dificuldades em tentar o contato em uma janela tão pequena de tempo, os sinais enviados conseguiram ser ouvidos pela Phobos-Grunt, que imediatamente acionou seu transmissor de bordo e enviou os primeiros dados de telemetria, tão aguardados pelos engenheiros russos desde a fatídica noite de 8 de novembro. Em seguida, os dados foram transmitidos de Perth, na Austrália, para o centro de operações da ESA, em Darmstadt, na Alemanha, que os encaminhou para os controladores da missão, na Rússia.
Na segunda-feira, 21 de novembro, fechou-se a janela orbital de 26 meses, quando a Terra e Marte estão posicionados de modo a favorecer as viagens de ida e volta entre os dois planetas. No entanto, nem tudo está perdido. Se a avaria for corrigida até o dia 18 de dezembro, a missão poderá ser executada parcialmente, sem que a Phobos-Grunt retorne à Terra. O motivo é que anexada à Phobos viaja a sonda chinesa Yinghuo-1, que deverá estudar Marte a partir de sua órbita. Segundo Vitaly Davydov, um subdiretor da Roscosmos, se a expedição da Fobos-Grunt fracassar, o programa espacial russo deverá discutir se continuará as expedições a Marte ou se vai concentrar-se nas pesquisas da Lua.
![]() A Phobos-Grunt (PG) foi lançada em 8 de novembro a partir do cosmódromo de Baikonur, na Rússia e deveria ativar seus foguetes sobre o Brasil duas horas e meia depois, com o objetivo de arremessa-la em direção à lua marciana Phobos. No entanto, uma falha severa e ainda desconhecida impediu que isso acontecesse. Desde então, nenhum comunicado foi oficialmente emitido pela agência espacial russa, Roscosmos, com exceção do pedido de ajuda internacional, que incluiu observadores independentes e a Agencia espacial Europeia, na tentativa de coletar informações adicionais que pudessem ajudar a estimar a posição física da sonda dentro da órbita. Essa chamada deu origem às especulações sobre a possível perda de contato com a nave, recuperada na terça-feira (22/11). Dois dias depois que foi lançado, o Comando de Defesa Estratégica dos EUA, USSTRATCOM, passou a divulgar elementos orbitais atualizados, permitindo que a PG possa ser rastreada e até mesmo observada visualmente. Inicialmente, os parâmetros divulgados mostraram que a excentricidade da órbita havia mudado ao longo dos dias, gerando a suspeita de que o combustível da nave estivesse vazando e impulsionando ligeiramente a espaçonave, o que justificaria a alteração do "shape" da órbita.
Em 11 de novembro o apogeu da nave era de 340 km e seu perigeu de 208 km. Dois dias depois o perigeu havia caído para 206 km e se nada fosse feito reentraria na atmosfera terrestre no dia 14 de janeiro de 2012, consumida em uma gigantesca bola de fogo. A partir de então os dados divulgados mostraram algo surpreendente. Dia após dia, a nave passou a ganhar altura de perigeu, elevando-se 5 mil metros em pouco mais de uma semana. Apesar de elevações de órbita também terem como causa as variações gravitacionais e solares, a constante mudança observada mostra que algum sistema de correção de altitude esteja agindo ativamente, impedindo que a PG atinja níveis críticos de altitude. Além disso, a queda da altura de apogeu, de 340 para 320 km aponta para uma possível circularização da órbita. Ninguém sabe ao certo o que se passa com a Phobos-Grunt. Agora, com a retomada de contato com a sonda novas informações poderão ajudar a entender o que ocorreu e até mesmo retomar a missão parcialmente. Por outro lado, a ausência de notas técnicas por parte da Roscosmos impede uma análise mais aprofundada por parte de observadores independentes. Para acessar o SatView, clique aqui Para saber mais sobre a missão Phobos-Grunt, clique aqui
A partida da nave estava programada para o dia 25 de novembro, mas uma falha em uma das baterias fez com que os técnicos adiassem o lançamento por 1 dia. Se for bem sucedida, a missão poderá produzir valiosas informações sobre as condições de habitabilidade de Marte e também se algum dia o Planeta Vermelho abrigou ou ainda abriga algum tipo de vida. Se a Phobos-Grunt for reestabelecida a tempo, poderemos ter pela primeira vez na história duas naves partindo juntas com destino a Marte, em uma verdadeira corrida espacial nunca vista em tempos de paz. O lançamento do Jipe-Robô Curiosity deve ocorrer a partir das 13h02 de sábado, dia 26, com a janela se estendendo por 1 hora e 43 minutos. O Satview.org estará transmitindo ao vivo o lançamento a partir da manhã de sábado. Para ver Clique aqui
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