Sexta-feira, 27 abr 2012 - 09h19
De acordo com as teorias atuais, a vizinhança do Sol deveria estar repleta da chamada matéria escura, uma matéria invisível e misteriosa que só pode ser detectada pela força gravitacional que exerce. No entanto, um novo estudo mostra que isso não acontece e as teorias não explicam os dados observados.
Clique para ampliar Com o objetivo de entender melhor essa misteriosa "substância", uma equipe de astrônomos da Universidade de Concepción, no Chile, realizou o mais preciso estudo já feito sobre os movimentos de estrelas na Via Láctea. Para isso os pesquisadores utilizaram o telescópio de 2.2 metros instalado no Observatório de La Silla, nos Andes Chilenos e junto a outros telescópios mapearam o movimento de mais de 400 estrelas localizadas até 13 mil anos-luz do Sol. Após uma série de novas observações, a equipe calculou toda a massa de matéria na vizinhança do Sol, contida em um volume de espaço quatro vezes maior do que estudado nos levantamentos anteriores. Os resultados mostraram que não havia espaço para a Matéria Escura que deveria estar lá. "A quantidade de massa que calculamos coincide muito bem com o que observamos - estrelas, poeira e gás - na região em torno do Sol", disse o astrofísico Christian Moni Bidin, líder do estudo junto ao Departamento de Astronomia da Universidade de Concepción. "No entanto, isso não deixa lugar para matéria adicional - a matéria escura - que esperávamos encontrar. Os nossos cálculos mostram que a matéria escura deveria ter aparecido muito claramente nas medições, mas ela não está lá!".
Atualmente, a existência dessa substância é parte integrante das teorias que explicam como as galáxias se formam e evoluem e também é um desafio para os pesquisadores. Até agora, todas as tentativas de detecção da matéria escura em laboratórios na Terra falharam, o que torna seu estudo realmente apaixonante. As teorias atuais sugerem que a Matéria Escura representa cerca de 80% da massa do Universo e apesar da teórica abundância, continua a resistir a todas as tentativas de elucidação de sua natureza, a qual permanece obscura.
Os modelos existentes, usados para explicar como é que as galáxias se formam e giram sugerem que a Via Láctea esteja rodeada por uma espécie de halo de Matéria Escura. Apesar de não prever com exatidão como é o formato desse halo, os modelos preveem encontrar quantidades significativas desse material na região em torno do Sol. No entanto, apenas algumas formas bastante incomuns do halo - tais como uma forma extremamente alongada - poderiam explicar a falta da matéria descoberta pelo novo estudo. Como se não bastasse, os novos resultados também demonstram que as tentativas de detectar diretamente a Matéria Escura na Terra por meio das raras interações com as partículas de matéria "normal" terão poucas probabilidades de sucesso. "Apesar dos novos resultados, a Via Láctea gira muito mais rapidamente do que pode ser justificado somente pela presença da matéria comum", disse Bidin. "Se a matéria escura não está onde se esperava, temos que procurar uma nova solução para o problema da massa que está faltando, já que nossos resultados contradizem os modelos atualmente aceitos". Após os trabalhos de Moni Bidin, o enigma da matéria escura tornou-se ainda mais misterioso. E muito mais interessante!
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