Quarta-feira, 5 dez 2012 - 09h57
Por Rogério Leite
Orbitando o Sol a uma distância de 6.7 bilhões de quilômetros, o gélido planeta anão começa a revelar seus segredos. Observações anteriores mostravam que o objeto era similar ao outros planetas anões, mas uma recente passagem na frente de uma estrela de baixa luminosidade revelou que Makemake pode não ser tão parecido assim.
Clique para ampliar Descoberto em 31 de março de 2005 pela equipe do astrofísico estadunidense Michael Brown, do Observatório Monte Palomar, Makemake é 30% menor que Plutão e é o terceiro maior planeta anão do Sistema Solar. Os estudos atuais mostram que sua superfície é coberta por metano, etano e possivelmente nitrogênio. Apesar de se parecer muito com seus irmãos Plutão ou Haumea, ambos localizados no distante cinturão de Kuiper, observações recentes mostram que existem diferenças bastante acentuadas entre eles, principalmente no que se refere à atmosfera.
O objetivo dos pesquisadores era utilizar o evento da ocultação da estrela para estudar as características atmosféricas de Makemake, além de poderem também avaliar melhor a densidade do planeta anão. E os resultados foram diferentes do que o esperado. Quando Makemake passou em frente da estrela, a radiação luminosa emitida por NOMAD 1181-0235723 foi bloqueada, como esperado. No entanto, a ocultação e o reaparecimento da estrela aconteceram de forma muito abrupta, ao invés de ser um processo lento e gradual. "Isto significa que o pequeno planeta anão não tem uma atmosfera significativa" disse o astrônomo José Luis Ortiz, ligado ao Instituto de Astrofísica de Andaluzia, na Espanha.
A ocultação estelar é um fenômeno raro e permite aos astrônomos descobrir muitas coisas sobre as atmosferas planetárias, muitas vezes tênues e delicadas, fornecendo informações precisas sobre as suas outras propriedades. No caso de Makemake, as ocultações são particularmente incomuns, já que este é um objeto que se move numa região do céu com relativamente poucas estrelas. Prever de forma precisa e detectar estas passagens é extremamente difícil e a observação bem sucedida conduzida por uma equipe de observação bem coordenada é uma façanha extraordinária. Além da atmosfera insignificante, os dados registrados durante a observação permitiram medir qual a quantidade de luz solar que é refletida pela superfície do planeta - o albedo. De acordo com os estudos, o albedo de Makemake é cerca de 0.77, comparável ao da neve suja. A refletividade é então maior que o de Plutão, mas menor que de Éris. "Pensava-se que Makemake tivesse desenvolvido uma atmosfera e o fato de não haver sinais de uma mostra o quanto temos ainda a aprender sobre estes corpos misteriosos", disse Ortiz, cujo trabalho foi publicado na revista especializada Nature.
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