Sexta-feira, 26 jul 2013 - 10h40
Por Rogério Leite
Dados fornecidos pelo telescópio espacial WISE mostram que os estranhos objetos que orbitam entre Júpiter e Netuno podem ter origem na chamada nuvem de Oort. Se confirmado, pode ser o fim a um mistério que já dura quase 1 século.
Clique para ampliar Centauros são pequenos objetos gelados que orbitam de forma bastante instável a região entre Júpiter e Netuno. A primeira vez que um desses corpos foi observado foi em 1920 e recebeu o nome de 944 Hidalgo. Naquela ocasião, acreditava-se que Hidalgo fosse um corpo único e maciço, mas observações posteriores mostraram que se tratava de uma série de objetos isolados formando uma população. O primeiro centauro isolado foi observado somente em 1977 e recebeu o nome de 2060 Chiron. Atualmente, existem cerca de 40 mil objetos centauros, o maior deles - 10199 Chariklo - com 260 km de comprimento. O problema da identificação precisa dos centauros é que eles têm características que se assemelham aos asteroides e cometas, ou seja, uma espécie de dupla personalidade, por isso receberam a designação da figura mitológica do Centauro, uma mistura de homem e cavalo. Até agora, nenhum desses estranhos objetos foi fotografado de perto, embora se acredite que lua saturniana Phoebe, estudada pela sonda Cassini em 2004 seja um centauro capturado pela gravidade do planeta.
"Origem cometária significa que um objeto é feito dos mesmos materiais dos cometas. Eles podem ter sido ativos no passado e podem voltar a ser ativos no futuro", disse o astrofísico James Bauer, autor do estudo e ligado ao Laboratório de Propulsão a Jato, da Nasa. Bauer sustenta sua afirmação com dados coletados pela maior pesquisa em infravermelho feita até hoje dos centauros e também dos seus primos mais distantes, conhecidos como "Objetos do Disco Disperso".
As peças do quebra-cabeça se encaixaram quando os cientistas combinaram a informação do albedo registrada pelo WISE com o que já se sabia sobre as cores desses objetos, que mostravam que geralmente os centauros são azul-acinzentados ou avermelhados. Segundo o pesquisador, um objeto azul-acinzentado pode ser um asteroide ou cometa, mas os dados da NEOWISE revelaram que a maior parte dos objetos é azul-acinzentado, uma assinatura típica dos cometas. De acordo com Bauer, asteroides apresentam tons tipicamente avermelhados.
O resultado do estudo também indica que cerca de dois terços da população dos centauros é formada por cometas e tinham como ponto de origem os confins gelados além do Sistema Solar, embora não deixe claro se o resto dos objetos são asteroides. Como a órbita dos centauros é bastante instável e sofre fortemente com os efeitos da gravidade dos gigantes gasosos, é possível que em algumas ocasiões eles sejam lançados para fora do Sistema Solar ou em direção ao Sol, o que sublimaria o gelo de sua estrutura tornando-os novamente ativos.
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