Quarta-feira, 18 fev 2015 - 09h11
Por Rogério Leite
Sem dúvida, Marte continua sendo o planeta mais intrigante do Sistema Solar. Vira e mexe aparece alguma coisa que chama a atenção e atiça a imaginação. A bola da vez é uma estranha nuvem que surgiu no hemisfério Sul do planeta e que ninguém tem a menor ideia do que se trata.
Clique para ampliar Embora o Planeta Vermelho seja altamente monitorado por sondas e jipes-robôs de última geração, quem causou todo o alvoroço foram os astrônomos amadores, em especial o estadunidense Wayne Jaeschke, que de sua casa na Pensilvânia foi o primeiro a ver uma estranha e inédita formação na borda sul marciana. De seu quintal, Jaeschke observou uma grande protuberância que parecia se projetar da superfície em direção à atmosfera e que nunca havia sido vista ou estava documentada em qualquer atlas do planeta. De acordo com o astrônomo, o evento durou 11 dias e só podia ser observado em um ângulo muito específico de reflexão. O registro se deu entre março e abril de 2012, mas só agora ganhou destaque internacional, depois que um estudo feito pela equipe do astrofísico Antonio García Muñoz, ligado à Agência Espacial Europeia, foi publicado na respeitada revista científica Nature. Depois da publicação do artigo, diversos astrônomos amadores e profissionais correram aos seus acervos na tentativa de ver com os próprios olhos a estranha e efêmera formação anunciada, mas que havia passado despercebida na ocasião. E lá estava a protuberância, vista em diversas cenas tomadas entre março e abril de 2012.
Alguns pesquisadores acreditam que a nuvem é composta por partículas de gelo seco (dióxido de carbono) ou de água, enquanto outros especulam sobre algum fenômeno ligado à interação entre o campo magnético da região e as partículas vindas do Sol, que poderiam criar uma espécie de aurora marciana. Imagens feitas pelo telescópio Hubble, 1997 no total, também revelaram a enorme pluma, mas como não foi um registro programado, não houve uma análise espectrográfica que pudesse analisar a composição química do fenômeno. Clique para ampliar Uma das hipóteses mais interessantes é sem dúvida a que associa a nuvem aos cristais de gelo em grande altitude, já que para estar correta a alta atmosfera marciana precisaria ser muito mais fria do que o esperado. A hipótese das auroras não é levada tão a sério, já que para serem registradas aqui da Terra elas deveriam ser cerca de 1000 vezes mais forte que as auroras boreais. Além disso, não houve registro de atividade solares incomuns naquele período. Como podemos ver, as peças do quebra-cabeça estão novamente na mesa. Afinal, o que seria essa estranha nuvem vista por um astrônomo amador do quintal de sua casa?
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