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Segunda-feira, 11 mai 2015 - 08h38
Por José Alberto Vivas Veloso

Alberto Veloso: a energia incontrolável dos terremotos

Quase todos os terremotos são produtos do deslocamento das placas tectônicas e o que ocorreu recentemente no Nepal não fugiu a regra. A região é uma das mais ativas faixas sísmicas do mundo e os pesquisadores já haviam chamado a atenção para os riscos na região.

Sismicidade no Nepal
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A sismicidade em torno dos Himalaias está inserida em um contexto maior, envolvendo as placas Africana e Arábica, que junto com a Indiana, também colidem com a Eurasiana, para formar a faixa sísmica Alpino-Himalaia, a segunda mais ativa do mundo.


Histórico
Estendendo-se do sul da Europa/norte da África, até as Filipinas, ela passa por países com históricos de terremotos fatais como o de Lisboa, em 1755, com magnitude (M) estimada 8.5-9.0, que matou cerca de 40 mil pessoas, ou o recente, em Sichuan, China, em 2008, com M7.9, que ceifou 70 mil vidas.

O sismo de 25/04/2015, com M7.8 e a menos de 80 km da capital Kathmandu, tornou-se o mais novo integrante da listagem. Seus efeitos devastadores resultaram não apenas da elevada magnitude, como da profundidade rasa, apenas 10 km e com epicentro muito próximo de duas cidades populosas e com construções frágeis.


Dois meses de Itaipu
Quase instantaneamente, o sismo liberou uma enorme quantidade de energia, na forma de ondas sísmicas, que mexeram violentamente com o chão a medida que se deslocavam em alta velocidade. É como se a natureza, num repente, descarregasse a energia equivalente a 500 bombas de Hiroshima, ou a totalidade da produção de dois meses da hidrelétrica de Itaipu.

Como resistir a tudo isto? Somente edificações construídas para suportar altas acelerações do terreno tendem a ficar de pé. De outra forma, caem como de papel fossem.


Alberto Veloso na China
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Efeitos secundários
Para piorar a situação, o terremoto do Nepal chacoalhou as encostas íngremes das montanhas ocasionando escorregamentos de terra e avalanches de neve, matando pessoas, destruindo e bloqueando acessos para levar socorro aos locais isolados. Se hoje a situação é difícil, amanhã também será, pois a recuperação de um país pouco desenvolvido é mais custosa, lenta e totalmente dependente de recursos externos.

Por tratar-se de um processo longo, não é incomum que promessas feitas no calor do desastre não sejam cumpridas e caiam no esquecimento.


Alertas
Recentemente, sismólogos franceses chamaram a atenção das autoridades nepalesas sobre a possibilidade de um forte tremor atingir o país, pois suas pesquisas mostravam a repetição de sismos fortes na região, a cada 80 anos, aproximadamente.

Não se tratou de previsão sísmica, mas de um alerta importante que não costuma surtir efeitos em países com parcos recursos econômicos e com problemas sociais de toda ordem.

Situação parecida aconteceu no Haiti, pouco antes do terremoto de M7 quase aplainar a capital do país e provocar o espantoso número de mais de 200 mil mortos, em janeiro de 2010.


Prevenção
Como os terremotos não podem ser previstos, resta preparar as cidades e os seus cidadãos para enfrenta-los. Isso exige conhecimentos diferenciados e maciços investimentos para planificar as cidades, reforçar edifícios antigos, construir os novos com códigos antissísmicos e treinar as pessoas para situações de emergência.


Possíveis Candidatos
Istambul, São Francisco, Tóquio estão na lista de prováveis candidatas a sofrerem terremotos fortes, em um tempo não tão distante. Espera-se que estejam preparadas para evitar numerosas vítimas, pois é para isto que se planeja e se exercita a cultura da prevenção à desastres de qualquer natureza.

É totalmente certo que as placas tectônicas seguirão em movimento e os terremotos acontecendo. Mas não se sabe quando, nem onde e de que tamanho será o próximo sismo. Não existindo preparação adequada, outros episódios como o do Nepal continuarão chocando o mundo.



Artes: No topo, mapa com epicentros do sismos principal (25/04/2015, M7.8) e secundários (aftershocks). As cores simbolizam que todos os eventos tem profundidade rasa (<30km). Acima, o autor do artigo posa na frente
das milenares Três Pagodas de Dali, na Província de Yunnan, China, construídas nos século 9 e 10. As construções resistiram ao poderoso abalo de 7 magnitudes ocorrido em 1925 e até hoje permanecem de pé. Foto de Moema Veloso. Créditos: USGS, Apolo11.com.

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