Segunda-feira, 20 jul 2015 - 11h33
Por Rogério Leite
Desde que a nave New Horizons chegou a Plutão, diversas dúvidas surgiram sobre a missão, principalmente o questionamento do por que a nave não ter pousado no planeta-anão ou porque as fotos não são coloridas.
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Na realidade, a NH não pousou em Plutão porque isso não fazia parte da missão. Desde o início, o objetivo era se aproximar do planeta anão e ali coletar dados científicos capazes de ajudar a entender um pouco mais sobre aquele mundo. Para isso a nave levou sete instrumentos desenvolvidos especificamente para essa finalidade, entre eles uma câmera monocromática, uma câmera pancromática e principalmente analisadores de espectro e detectores diversos.
Clique para ampliar Em outras palavras, os instrumentos a bordo da sonda não foram colocados lá por acaso. Suas necessidades e características foram amplamente estudadas e só foram desenvolvidos com esse propósito.
A NH viaja a 49 mil km/h, cerca de 1.1 milhão de km por dia e se a NASA quisesse entrar na orbita de Plutão seria necessário frear a nave com uma energia muito grande. Isso exigiria tanto combustível que seria impossível lança-la da Terra, uma vez que o peso total ultrapassaria a capacidade do veículo ATLAS 5, que a arremessou ao espaço. De acordo com a NASA, a energia necessária para frear a NH a 49 mil km/h demandaria um segundo foguete ATLAS 5, igual o que levou a nave à Plutão. Ou seja, precisaria lançar outro ATLAS 5 no topo do ATLAS 5, algo totalmente inviável.
Na realidade, isso é verdade em parte. Embora os smartphones tenham câmeras de 10 megapixels e produzem excelentes selfies para serem postadas nas redes sociais, elas não serviriam hoje em dia para irem a uma missão no espaço profundo. Os atuais chips dos smartphones são pequenos, feitos para lentes minúsculas e, sobretudo não tem as características e eficiência necessárias para coletar os dados que os pesquisadores solicitaram. Seria necessário projetar um novo CCD para ir a plutão, bem diferente dos usados nos smartphones. Além disso, o uso de chips monocromáticos permite coletar até quatro vezes mais detalhes que os chips coloridos, o que por si só já justifica o seu uso. Com regra geral, toda a câmera monocromática é superior em sensibilidade e resolução à similar colorida. Com relação à suposta baixa resolução da câmera, de apenas 1 megapixel, é bom lembrar que de nada adiantaria mandar construir um chip maior. Não é o fato de a nave ter sido lançada em 2006 que limitou a tecnologia e sim as características ópticas do telescópio de 200 milímetros acoplado ao chip. Devido a algumas leis da óptica e da amostragem de sinais eletrônicos (teorema de Niquist), mesmo que o instrumento LORRI levasse uma câmera de 100 megapixels, não produziria imagens mais detalhadas do que as que foram coletadas, embora o tamanho da foto aumentasse consideravelmente. Essas leis e regras naturais é que impedem de tirar proveito de um CCD maior, que seria inútil. No entanto, apesar de as fotos serem preto e branco, isso não significa que essas imagens não podem ser colorizadas. Essa característica pode ser adicionada posteriormente com o uso de dados da outra câmera pancromática a bordo da nave - o instrumento RALPH. Prova dessa possibilidade é a coloração avermelhada de Plutão, obtida mesclando-se os dados desses dois instrumentos, como podemos ver na imagem no topo do artigo.
Nem mesmo a transferência de dados seria melhor. Hoje em dia a New Horizons transmite na velocidade de 56 kbs e uma nave similar, construída hoje em dia não transmitiria em velocidades maiores desde Plutão.
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