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Terça-feira, 3 out 2017 - 10h35
Por Rogério Leite

Baixa atividade solar sugere nova mini Era Glacial?

Muito se especula se o atual período de baixa atividade solar pode ser o prenúncio de uma nova mini era glacial. Essa é uma pergunta bastante difícil de ser respondida e se alguém afirmar alguma coisa, com certeza estará chutando.

Explosao Solar
Embora as grandes explosões solares não sejam tão corriqueiras ultimamente, isso não significa que irão cessar ou que sua diminuição farão a Terra mergulhar em uma nova Mini Era do Gelo.

O estudo do Sol através de métodos modernos - a heliofísica - é uma ciência bastante recente e somente nos últimos 20 anos, após o lançamento do Observatório Solar SOHO, em 1995, é que conseguiu responder algumas das inúmeras perguntas sobre a nossa estrela-mãe. E ainda faltam muitas a serem respondidas.

Antes do SOHO, os estudos do Sol eram feito basicamente aqui da Terra, principalmente através da observação das manchas solares e seus efeitos associados, seja usando telescópios ópticos ou de radiotelescópios.


Ciclo de Schwabe
Desde a época de Galileu Galilei (1564—1642), a contagem de manchas de solares é feita regularmente e o que se descobriu é que a cada 11 anos em média, o Sol passa por ciclos caracterizados pelo aumento ou diminuição das manchas observáveis na fotosfera.

Esse período é chamado de ciclo solar ou de Schwabe e desde que as observações começaram a ser feitas já foram contados 24 ciclos até o ano de 2016.

Durante o período de maior atividade, chamado "máximo solar", grandes manchas e intensas explosões ocorrem quase diariamente. As auroras surgem nas latitudes médias e violentas tempestades de radiação danificam os satélites em órbita. A última vez que isso ocorreu com tal intensidade foi entre os anos de 2000 e 2001.

No "Mínimo Solar" ocorre o contrário. Quase não existem flares solares e podem passar semanas sem que uma única mancha quebre a monotonia do disco solar. É exatamente esse o momento atual que estamos passando.


Mini Era Glacial
O período do mínimo solar mais longo da história, conhecido como Mínimo de Maunder, ocorreu entre 1645 e 1715 e durou incríveis 70 anos. Naquela época as manchas solares eram extremamente raras e o ciclo solar de 11 anos parecia ter se rompido.

Esse longo período de silêncio solar coincidiu com a "pequena Era do Gelo" uma série de invernos implacáveis que atingiu o hemisfério Norte, com mais intensidade sobre a Europa. Por razões ainda não compreendidas, o ciclo de manchas solares se normalizou no século 18 e o período típico de 11 anos voltou ao normal.


E agora?
Como os cientistas ainda não compreenderam o que disparou o Mínimo de Maunder e como isso pode ter influenciado o clima na Terra, a busca por sinais e evidências de que possa ocorrer de novo é um trabalho constante nas pesquisas.

Atualmente, estamos atravessando o Ciclo Solar 24 rumo ao seu mínimo, quando tipicamente a atividade será bastante baixa. O problema maior é durante o máximo do Ciclo 24 a atividade foi extremamente baixa, com raros momentos de fúria solar. E para piorar as coisas, o Ciclo Solar 23 também foi fraco, quando comparado ao Ciclo Solar 22. Em outras palavras, a atividade solar está enfraquecendo ano a ano.


Evidências Científicas
Entretanto, afirmar que o Sol está em silêncio como na época do Mínimo de Maunder seria um exagero, afinal as manchas e explosões solares continuam acontecendo, embora em menor número e enfraquecidas.

Além disso, não há qualquer evidência científica que esse ritmo continuará infinitamente, ou seja, o próximo ciclo poderá ser tão ou mais intenso que aquele observado no início do século.

Também não há provas científicas de que o aumento ou diminuição da atividade e das manchas solares tenham relação com o clima de longo ou curto prazo aqui na Terra. Há poucos estudos neste sentido, além de serem inconclusivos.

O que se espera é nos próximos anos os estudos sobre o Sol tenham avançado ainda mais e que a previsão do clima espacial seja tão corriqueira como a atual previsão do tempo.

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