Quinta-feira, 6 fev 2020 - 11h13
Por Rogério Leite
Os incêndios florestais que ocorrem em Victoria e Nova Gales do Sul, na Austrália, desde novembro de 2019, produzem quase diariamente imagens de satélite surpreendentes. Entretanto, algumas cenas chamaram muito a atenção e revelaram que diversas plumas ultrapassaram as altitudes normais e chegaram até a estratosfera terrestre.
Gráfico gerado pelo satélite Calipso mostra a altura que a pluma de fumaça dos incêndios foi detecta pelos sensores. Em 4 de janeiro, alguns fluxos estreitos de nuvens de fumaça, conhecidos como pirocumulus, foram detectados a mais de 10 quilômetros acima da superfície pelo sensor MLS (Microwave Limb Sounder), a bordo do satélite de sensoriamento remoto Aura, da NASA. Dados preliminares sugerem que os incêndios australianos injetaram mais monóxido de carbono na estratosfera no mês de janeiro do que qualquer outro evento desse tipo que o sensor MLS tenha observado fora dos trópicos durante sua missão de 15 anos.
Segundo os dados, os incêndios produziram cerca de três vezes mais gás venenoso e incolor do que os grandes incêndios ocorridos na Colúmbia Britânica em 2017 e na Austrália em todo o ano de 2009. O mapa mostra os locais e as datas das observações das plumas de monóxido de carbono detectadas pelo sensor MSL a bordo do satélite Aura, da NASA. De acordo com Hugh Pumphrey, cientista atmosférico ligado à Universidade de Edimburgo, todo o monóxido de carbono lançado na estratosfera será convertido em dióxido de carbono em poucos dias, mas a quantidade convertida não será significativa para o clima. O importante, segundo Pumphrey, é que a observação de monóxido de carbono nesta altitude é uma grande bandeira que aponta para o quão incomum esses incêndios eram na superfície.
Em 6 de janeiro de 2020, alguns dias após a atividade de fogo mais explosiva, o CALIPSO detectou a pluma de fumaça entre 15 e 19 km acima da superfície e em duas semanas o topo da pluma havia subido até 25 km, tornando-a a mais alta pluma causada por incêndios florestais já rastreada pelo CALIPSO.
Segundo o estudioso, um processo semelhante fez com que a pluma de fumaça dos incêndios de 2017 ocorridos no Canadá subisse de sua altura inicial de injeção para além de 23 km durante um período de dois meses. Nesse caso, os satélites detectaram a fumaça por oito meses antes de se dissipar, explicou Vernier. LEIA MAIS NOTÍCIAS
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