Segunda-feira, 30 mai 2011 - 11h28
Estudos realizados por pesquisadores americanos revelaram pela primeira vez traços de água em amostras do solo lunar. De acordo com o estudo, a água estaria aprisionada em minúsculos glóbulos de rocha derretida transformada em material vítreo e presa dentro de cristais. Os dados mostram que as inclusões de água no interior do magma lunar são 100 vezes maiores que o estimado até agora.
As inclusões estudadas foram encontradas na amostra de origem vulcânica 74.220, formada durante erupções explosivas há 3.7 bilhões de anos e coletada durante a missão Apollo 17, em 1972. Para chegar a esse resultado a equipe de cientistas usou uma microssonda iônica de última geração. O estudo, financiado pela agência espacial americana, Nasa, foi publicado na edição de 26 de maio da revista Science Express e levanta questões fundamentais sobre a "teoria do impacto gigante". Essa teoria prevê quantidades muito pequenas de água nas rochas lunares, especialmente devido à desgaseificação catastrófica ocorrida no momento da suposta colisão entre a Terra e um objeto do tamanho de Marte e que teria dado origem à Lua.
De acordo com o principal autor do estudo, o geoquímico Erik Hauri, ligado Instituto Carnegie, de Washington, a água desempenha um papel crítico na determinação do comportamento tectônico das superfícies planetárias, além do ponto de fusão das camadas interiores, localização e estilo das erupções. "Em minha opinião, nenhum tipo de rocha coletada na Lua é mais importante que essas amostras vulcânicas, que foram ejetadas em episódios de intenso vulcanismo e que também foram identificadas em outros objetos do Sistema Solar interior". Em contraste com a maioria dos depósitos vulcânicos, essas inclusões derretidas estão encerradas dentro de cristais o que impediu que a água e outros materiais voláteis escapassem durante a erupção. "Estas amostras fornecem a melhor visão que temos sobre a quantidade de água do interior da lua, na localidade onde esse material vítreo foi encontrado", disse James Van Orman, coautor do estudo junto à Universidade Case Western Reserve.
"Em 2008 nós inferimos que a quantidade de água nos magmas lunares primitivos poderia ser similar à da lava do empobrecido manto superior aqui na Terra", disse Saal. "Agora conseguimos provar isso", disse o pesquisador. O estudo também levanta uma nova possibilidade sobre a origem do gelo detectado nas crateras nos polos. Até o momento, a presença do gelo tem sido atribuída a impactos de cometas e meteoros, mas os pesquisadores acreditam que é possível que parte desse material seja proveniente da água liberada pela erupção do magma lunar há bilhões de anos.
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