Os ciclos de 41 mil anos que alteram a paisagem nos pólos do planeta são conhecidos dos cientistas há pelo menos 80 anos. O fenômeno é relacionado com a alteração do eixo de inclinação da Terra, que acaba provocando mais –, ou menos –, insolação em determinados períodos. A grande testemunha dessas transformações são as calotas polares, que aumentam ou diminuem de tamanho conforme varia a intensidade da energia solar incidente. Segundo o artigo "High-latitude influence on the eastern equatorial Pacific climate in the early Pleistocene epoch", publicado na edição de 19 de fevereiro da revista Nature, assinado por Zhonghui Liu e Timothy Herbert, ambos do Departamento de Geociências da Universidade de Brown, nos Estados Unidos, a região equatorial também sofre com os impactos desses alongados ciclos climáticos.
A pesquisa chegou às temperaturas da superfície da água do pacífico equatorial leste por meio de medidas bioquímicas de algumas espécies de fitoplâncton preservadas no sedimento marinho. A assinatura climática dos pólos no Equador surprendeu os pesquisadores.
A análise dos dados –, o intervalo investigado abrangeu os últimos dois milhões de anos –, mostrou que a queda das temperaturas em áreas próximas ao Equador precedia períodos de aumento do volume de gelo nos pólos e vice-versa. "Isso prova que o mecanismo não era iniciado pelos pólos", disse Katharina Billups, do Colégio de Estudos Marinhos da Universidade de Delaware, que comentou o trabalho para a Nature.
O período de tempo em que essa relação se mostrou mais forte, segundo o estudo, foi entre 1,8 milhão e 1,2 milhão de anos atrás. Os dados mostraram que as mínimas e máximas registradas no Pacífico Equatorial coincidiam com as mínimas e máximas de insolação detectadas nas altas latitudes. Essa correlação reforça a tese de influência dos pólos sobre as regiões equatoriais.
Segundo Katharina, apesar de o intervalo de tempo ter sido pequeno, em relação ao tempo de história de vida da Terra, não há dúvidas de que o tamanho da correlação descoberta é bastante interessante para a comunidade científica.
Apolo11