A contagem regressiva prosseguiu e quando chegou a T-10 segundos todas operações de lançamento entraram no modo automático. O controle passara para os dispositivos internos do foguete e aquele gigantesco monumento de 110 metros de altura estava no comando. O poderoso Saturno 5 iria mesmo decolar e levar o Homem à Lua.
Sete..., seis,..., cinco, Sequência de Ignição Iniciada, quatro..., três...,dois...,um...,zero...Lançamento.
Quem assiste à ignição de um Saturno 5 está de fato testemunhando uma das maiores demostrações de força que existe. Propelido por cinco motores de combustível líquido projetados por Werner von Braun, o conjunto gera um empuxo de nada menos que 3.400 toneladas, uma força tão grande que chega a ser incompreensível.
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Os relógios marcavam 10h32 da manhã de 16 de julho de julho de 1969. Envolto e fumaça e labaredas, por um momento o foguete parece estático, mas lentamente começa a subir. Dez segundos depois a portentosa máquina de 2900 toneladas está a 300 metros do solo e continua subindo. Consumindo 13600 quilos de combustível a cada segundo, o foguete já está 136 mil quilos mais leve. Perdendo peso, mas mantendo sempre o mesmo empuxo, o veículo acelera e em poucos segundos ultrapassa a velocidade do som.
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A voz de Neil Armstrong retransmitida pelo Centro de Controle parece trêmula, mas confirma que os motores estão à máxima potência, com a estrutura do foguete no limite da pressão aerodinâmica. O momento é crítico e em dois minutos e meio o primeiro estágio do Saturno 5 consome todo seu combustível e cai em direção ao oceano. Em Cabo Kennedy a multidão não perde um só instante e aplaude.
Em apenas 160 segundos de vôo o enorme foguete perdeu mais de 2 mil toneladas e lançou o conjunto Apolo11 a 60 km de altitude a uma velocidade de 8850 km/h, mas para vencer a força da gravidade é necessário ainda mais força e os cinco motores do segundo estágio do Saturno 5 entram em ignição, produzindo mais 500 mil quilos de empuxo.
Os giroscópios do foguete comparam a posição e corrigem o rumo da nave. A Apollo 11 descreve uma suave curva em direção à África e a 96 km de altitude a pequena torre de segurança no topo do conjunto é ejetada e também cai no oceano. O segundo estágio queima durante seis minutos e meio e arremessa a nave a 180 km de altitude a uma velocidade de 24 mil quilômetros por hora. Completada sua tarefa o segundo estágio é atirado ao mar e alguns segundos depois o terceiro estágio entra em operação.
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Para atingir a órbita da Terra a Apollo 11 precisa de muita força e somente um foguete do tipo Saturno 5 é capaz de fazê-lo. O terceiro estágio arde durante 165 segundos e proporciona ao conjunto um impulso extra de 100 mil quilos, mas ao contrário dos outros estágios ele não cairá no mar. O foguete ainda armazena bastante combustível e será usado na próxima fase, quando a Apollo será definitivamente acelerada em direção à Lua.
Desde o lançamento até o desligamento do terceiro estágio se passaram apenas 12 minutos. A nave já está em órbita da Terra a 180 km de altitude e viajando a 28 mil km/h, mas para alcançar a Lua uma série de manobras ainda serão necessárias. Em Terra, os controladores respiram mais aliviados. A primeira etapa, extremamente crítica, havia sido cumprida.
Fotos: Três momentos marcantes do lançamento. No topo o Saturno 5 de corpo inteiro logo após a ignição. Na sequência o detalhe do primeiro estágio do foguete e acima o lançamento visto da sala de controle. Crédito: Nasa.